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Modelo de rádio digital ainda está indefinido, diz Bernardo

Segundo ministro, testes com sistemas utilizados em outros países devem continuar durante o ano que vem 

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

O governo brasileiro ainda não tem uma posição definida em relação ao modelo que o País deverá adotar de rádio digital, afirmou nesta terça-feira, 23, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Segundo ele, ainda estão sendo feitos testes com os sistemas que já são usados em outros países, que devem continuar durante 2012."Estão sendo feitos testes no momento, mas o governo está disposto a fazer definição em conjunto com o Congresso", afirmou o ministro em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados.Os principais modelos em estudo no País são o americano e o europeu. Ainda assim, acrescentou o ministro, os países que já implementaram o rádio digital têm enfrentado inúmeros problemas, como diminuição do alcance do sinal e mesmo interferências em canais próprios. "Também houve baixa adesão por parte da população, o que gera menos interesse publicitário. Portugal, por exemplo, começou a reverter o processo", completou Bernardo.Outra dificuldade, apontou o ministro, é o custo dos equipamentos. Nesse sentido, os técnicos do governo se mostram mais inclinados à adoção do sistema utilizado nos Estados Unidos, embora este tenha menos recursos. "Hoje venceria o modelo americano. Modelo europeu é mais caro, e esse fato pode levar ao fracasso da adoção do sistema", disse Bernardo.Por isso, ressaltou, independentemente do modelo escolhido, os equipamentos deverão ser produzidos no País, como forma de baixar o custo. "O sistema a ser adotado também deverá possibilitar uma rápida transição para as rádios comunitárias e educativas", disse.

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Investimentos

Bernardo argumentou ainda que empresas que têm contratos para execução de obras do governo federal apresentam forte evolução do faturamento porque o País passou a investir mais recentemente.

Bernardo respondeu a parlamentares da oposição que os investimentos do governo saltaram de R$ 3 bilhões em 2005 para R$ 638 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Houve grande pressão para incluir empreendimentos no PAC, do Congresso inclusive, por meio da inclusão de emendas no programa", afirmou.

Bernardo voltou a afirmar que a obra do Contorno Rodoviário de Maringá - alvo de denúncias de favorecimento para empresários quando ele ainda era ministro do Planejamento - também foi originada de uma emenda parlamentar. "Todos os deputados e senadores do Estado do Paraná assinaram o pedido. Quando tem a demanda, todos vão lá pedir. Mas quando tem problema o ministro Paulo Bernardo vira padrinho do problema", acrescentou.

O ministro admitiu, porém conhecer os sócios da empreiteira Sanches e Tripoloni, Antônio Sanches e Paulo Tripoloni. Segundo ele, no entanto, a empresa, que doou recursos para a campanha de sua esposa ao Senado - atualmente ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann - também realizou doações a outros candidatos, de vários partidos.

Bernardo voltou a dizer que andou de carona em aviões alugados pela campanha da ministra, mas não tem como informar os prefixos e nem os proprietários das aeronaves. "Não vou responder pela Gleisi, porque não sou procurador dela nem para pagar conta de luz. Ela registrou e pagou, e o TRE aprovou a prestação de contas", completou.

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TV paga

O ministro negou ter sofrido qualquer tipo de pressão para aprovar o PLC 116, que abriu o mercado de TV a cabo para as teles e reduziu as limitações ao capital estrangeiro nas empresas de TV por assinatura. Bernardo afirmou nunca ter conversado com o ex-ministro Zé Dirceu - que presta consultoria para o empresário mexicano Carlos Slim - sobre assunto.

Além disso, acrescentou o ministro, o projeto que ainda vai à sanção presidencial teve origem no próprio Congresso, apesar de o governo ter dado abertamente apoio às nova regras. "Com relação à NET, da qual Slim é sócio, temos informação de que a maioria do capital votante pertence às Organizações Globo, mas a maioria do capital total pertence ao grupo do empresário mexicano. A Globo deverá abrir mão do controle e até onde consta continuará sócia, mas não sei em que condições", concluiu.

(Texto atualizado às 17h02)

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