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Montadoras atingem em março maior ociosidade na produção desde 2001

Ociosidade das montadoras foi de 37,6% em março, mostra pesquisa da FGV; vendas de veículos caíram 31% no primeiro bimestre de 2016

Por André Ítalo Rocha
Atualização:
Resultado da pesquisa indica que a produção de veículos deve ter mais um ano de queda Foto: MARCOS DE PAULA | ESTADÃO

SÃO PAULO - O enfraquecimento do mercado brasileiro de veículos levou as montadoras instaladas no País a atingirem em março o maior nível de ociosidade na produção desde 2001, quando teve início a pesquisa de sondagem da indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV). O levantamento pergunta às empresas, no início de cada mês, qual tem sido a utilização da capacidade produtiva.

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Em março, a utilização da capacidade da montadoras ficou em 62,4%, o que significa que a ociosidade foi de 37,6%. Em fevereiro, havia sido de 33,8%. O baixo nível de produção se deve principalmente à falta de reação na venda de veículos, que caiu 26,5% em 2015 e acumula retração de 31% no primeiro bimestre de 2016, segundo dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O maior nível de ociosidade tem se refletido em alívio nos estoques. Na mesma pesquisa, o indicador de estoques caiu em março para 117,2 pontos, depois de ter atingido 122,8 pontos em fevereiro e 127 em janeiro. "É um setor que está se ajustando", disse a economista Tabi Thuler, que coordena a sondagem. Na metodologia da FGV, quanto maior a pontuação, maior o estoque das empresas.

O resultado da pesquisa é mais um sinal de que a produção das montadoras deve ter mais um ano de queda em 2016. No primeiro bimestre, o recuo acumulado é de 31,6%, depois de uma retração de 22,8% em 2015. Algumas das principais consultorias econômicas, como a Tendências e a GO Associados, estimam queda de 10% ao longo de 2016.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é mais otimista e projeta um crescimento de 0,5% para este ano, impulsionado por um aumento das exportações. Apesar disso, a entidade espera um alto nível de ociosidade nas fábricas. Os números da Anfavea, contudo, costumam ser maiores que os da FGV, em razão de metodologias diferentes de pesquisa.

A Anfavea espera que 52% da capacidade fique ociosa em 2016, acima dos 48% registrados no ano passado. Para se ter uma ideia, a pesquisa da FGV, em dezembro do ano passado, indicava ociosidade de 35,5%. Independentemente dos números, a tendência é de aumento da ociosidade, nas duas pesquisas. As montadoras instaladas no Brasil têm capacidade para produzir 5,05 milhões de veículos por ano.