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Montadoras registram em 2016 a pior produção em 13 anos

Ajustes de mão de obra também prosseguiram em outubro, quando 952 vagas foram eliminadas nas fábricas

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Por Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:
Produção caiu 15,1% em outubro na comparação anual Foto: Marcos de Paula/Estadão

SÃO PAULO - Com 174,2 mil veículos produzidos, numa queda de 15,1% na comparação anual, as montadoras terminaram o mês passado amargando o outubro mais fraco em termos de atividade do setor em 13 anos.

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Em relação a setembro, quando o resultado foi, em parte, comprometido pela parada de produção nas fábricas da Volkswagen que se estendeu na primeira quinzena daquele mês, houve alta de 2,3% na produção de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. O balanço foi divulgado hoje pela Anfavea, entidade que representa os fabricantes de veículos instalados no País.

O desempenho leva para 1,74 milhão de veículos o total fabricado pelas montadoras desde janeiro, também no menor volume, entre períodos equivalentes, desde 2003. Frente aos dez primeiros meses de 2015, o corte na produção foi de 17,7%, num reflexo do esforço das montadoras para normalizar estoques e adequar o ritmo das linhas de montagem a um mercado menor.

Só nas fábricas de carros de passeio e comerciais leves, como picapes, a produção somou 167,9 mil unidades durante o mês passado, 14,8% abaixo de igual período de 2015. Frente a setembro - mês que teve um dia útil a mais -, a produção nessa categoria teve crescimento de 2,8%.

Já nas linhas de montagem de caminhões, houve queda de 31,8% na comparação anual e 4,4% em relação a setembro, num total de 4,6 mil veículos produzidos no mês passado.

O balanço da Anfavea mostra ainda que a produção de ônibus, de 1,7 mil unidades, teve alta de 34,3% em relação a outubro de 2015. No comparativo mensal, a fabricação de coletivos caiu 22,9%.

Os ajustes de mão de obra também prosseguiram em outubro, quando 952 vagas foram eliminadas nas montadoras, incluindo nessa conta as fábricas de máquinas agrícolas, também associadas à Anfavea.

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O setor terminou o mês passado com 123,7 mil pessoas ocupadas, o que significa um corte de 9,17 mil postos nos últimos 12 meses, ou 35,9 mil vagas a menos desde novembro de 2013, quando teve início o ciclo de enxugamento de empregos na indústria de veículos.

Otimismo futuro. Embora o desempenho do segmento automotivo em outubro tenha, mais uma vez, frustrado a reação aguardada pelas montadoras, a Anfavea prevê crescimento tanto das vendas quanto da produção no último bimestre do ano.

A associação reforçou a expectativa de vendas superiores a 2 milhões de veículos neste ano - o que exigiria a comercialização de 332 mil unidades entre novembro e dezembro - e seu presidente, Antonio Megale, manifestou ter certeza de que a produção de veículos será "muito forte" na reta final de 2016.

Novembro, segundo ele, será o melhor mês na fabricação de veículos do ano - que vem num ritmo de montagem média mensal de 173,9 mil unidades.

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A confiança de Megale se deve à retomada de duas associadas que não produziram em sua totalidade no mês passado. Embora não tenha citado nomes, uma das referências é a Volkswagen, que já adiantou planos de acelerar a produção para normalizar estoques após a parada de mais de um mês - entre agosto e setembro - causada pela rescisão de contrato com um grupo de fornecedores.

Já as vendas, na expectativa da Anfavea, devem ter aquecimento nos últimos dois meses do ano por conta da melhora de confiança das famílias, prestes a receber o décimo terceiro salário para voltar a consumir. Ele também citou o efeito positivo sobre a propensão ao consumo provocado pelo salão internacional do automóvel, que abre as portas ao público nesta semana na zona sul da capital paulista.

O presidente da Anfavea comentou ainda que a situação do mercado de caminhões, onde as vendas caem 31% neste ano, continua "dramática", mas as montadoras, no embalo das encomendas do agronegócio, já começam a perceber uma reação nos pedidos, o que deve levar a uma reversão "em alguns meses". "O telefone voltou a tocar", afirmou Megale, ao se referir à volta das negociações das transportadoras com os fabricantes de veículos comerciais pesados.

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