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Moody's altera perspectiva de nota do Brasil e sinaliza possível rebaixamento

Agência cita incertezas quanto às reformas e fala em crescente ameaça à recuperação econômica do Brasil

Por Matheus Maderal
Atualização:

A agência de classificação de risco Moody's alterou a perspectiva da nota de crédito do Brasil, atualmente Ba2, de estável para negativa. A medida é uma sinalização de um possível rebaixamento na classificação de risco do País e, assim, uma piora na sua avaliação de capacidade de pagamento.

Moody's pode rebaixar nota de crédito do Brasil Foto: Brendan McDermid/Reuters

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Entre os fatores citados pela Moody's para o movimento está o aumento das incertezas "em relação ao momento favorável às reformas após os últimos acontecimentos políticos", referindo-se à turbulência desencadeada pela delação dos donos da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer.

"Independentemente de seu desfecho, a crise política que emergiu no Brasil na última semana provavelmente debilitará a agenda de reformas do governo e comprometerá a aprovação de reformas futuras, incluindo a da Previdência", afirma a Moody's em relatório. "Isto provavelmente terá um impacto negativo na confiança do investidor e levará ao aumento da volatilidade nos mercados, ameaçando o momento macroeconômico positivo observado desde o início da agenda de reformas promovida pelo presidente Michel Temer".

Entre os fatores que podem levar a um rebaixamento do rating do Brasil, a agência cita uma possível "intensificação da crise política que leve a um período prolongado de incerteza, impactando materialmente as perspectivas macroeconômicas e fiscais". "A reversão das reformas fiscais já aprovadas, principalmente o cumprimento do teto de gastos, seria particularmente negativa para o rating", alerta a Moody's.

Na semana passada, a S&P colocou a nota de crédito do País em observação, o que também indica a possibilidade de um rebaixamento nos próximos três meses.

Já a Fitch havia reafirmado em BB+ a nota de crédito do País, mantendo a perspectiva negativa e citando os riscos da denúncia contra o presidente Michel Temer ao crescimento da economia. A Moody's também se pronunciou e manteve o rating do Brasil em Ba2, com perspectiva negativa, afirmando que as denúncias contra o presidente Temer ameaçam "paralisar ou reverter o positivo momento político e econômico observado recentemente". Hoje, a agência voltou a destacar a piora no quadro político e afirmou que a recuperação da economia pode atrasar pelo menos um ano.

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A última vez em que S&P se pronunciou sobre o rating do País foi em fevereiro. A S&P manteve a nota de crédito do Brasil em BB, dois níveis abaixo do grau de investimento - o chamado "selo de bom pagador - e reafirmou a perspectiva negativa para a classificação, o que já indicava a possibilidade de um rebaixamento.

Na época, a agência afirmou que "os consideráveis desafios fiscais e econômicos no Brasil implicam na necessidade de um comprometimento mais firme nas políticas", citando a fraqueza da economia e as pressões fiscais de governos regionais, mesmo após a entrada em vigor da medida que impõe um teto aos gastos públicos por 20 anos.

A S&P retirou o grau de investimento do Brasil em 2015, logo após a revisão da meta fiscal daquele ano. A perda do selo de bom pagador veio em dezembro daquele ano pela Fitch e em fevereiro do ano seguinte pela Moody's./COM ÁLVARO CAMPOS, GABRIEL BUENO E IDIANA TOMAZELLI

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