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Moody's pode revisar nota do Brasil antes do 1º trimestre de 2016

Vice-presidente da agência admite a possibilidade caso 'algo muito ruim' acontecer à economia do País

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Por Redação
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O vice-presidente da Moody's, Mauro Leos, afirmou ontem, durante a 16.ª conferência anual da agência de classificação de risco, que, "se algo muito ruim acontecer" para a economia do Brasil, pode ocorrer uma revisão do rating do País antes do primeiro trimestre de 2016. "Pode ser suficiente esperar 12 meses para reavaliar perspectiva", destacou. "Se dados econômicos e fiscais estiverem em nível definido, podemos reavaliar."De acordo com Leos, caso haja uma reversão da tendência negativa registrada pelo PIB, que cresce abaixo do potencial de 3% há três anos, e também do déficit nominal e da dívida bruta, a perspectiva do Brasil pode subir para a posição "neutra" em 12 meses. "Isso é um cenário possível. Mas vamos esperar para avaliar qual será o real desempenho da economia até lá."Leos disse que, até o fim de 2015, os executivos da Moody's poderão ter realizado pelo menos dois encontros com autoridades do próximo governo. "O primeiro deles deve ocorrer em abril, na Coreia do Sul, durante a reunião do BID." Eleições. Segundo o vice-presidente da Moody's, caso a candidata do PSB, Marina Silva, vença as eleições, pode ocorrer um rali dos mercados de ativos financeiros relativos ao Brasil. "A reeleição de Dilma, por outro lado, poderia corrigir preços."Leos fez uma análise sobre os comentários da presidente Dilma Rousseff, de que Guido Mantega não será seu ministro da Fazenda num segundo mandato. "Ela sinalizou que as políticas e a equipe não serão as mesmas. Ficaremos surpresos se as novas políticas não tentarem reverter tendência fiscal e de PIB registradas nos últimos anos."Ele destacou que não espera ajustes na economia logo depois das eleições, já que será natural que o próximo presidente adote correções no início do segundo mandato. "Nós faremos comentários breves após o primeiro turno, especialmente porque clientes demandam uma avaliação da Moody's", comentou. "E depois haverá um comentário mais longo após o segundo turno." Ele ressaltou que esses textos não serão avaliações de rating soberano.Ainda de acordo com o executivo da Moody's, o crescimento no Brasil precisa vir do setor privado, já que, se o governo elevasse os gastos para tentar estimular a economia, isso pioraria ainda mais as contas públicas.Ele explicou que o crescimento talvez seja o elemento mais importante para determinar o futuro do rating brasileiro. "Na ausência de um crescimento normal (perto do potencial, atualmente em 3%) tudo fica mais difícil, fazer um ajuste fiscal fica mais difícil." Segundo Leos, a Moody's não está muito otimista com as perspectivas para o Brasil em 2015, mas também não acredita que haverá uma forte deterioração, por isso adotou a perspectiva negativa para o rating. / RICARDO LEOPOLDO, ALVARO CAMPOS e CYNTHIA DECLOEDT

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