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Morre um dos maiores especialistas em câmbio

O economista teve cargos importantes no Banco Central; no setor privado montou a mesa de operações do JBS

Por Josette Goulart
Atualização:
Garófalo se formou em Economia na PUC de São Paulo e entrou para os quadros do Banco Central, em 1977 Foto: AGLIBERTO LIMA/Estadão

Há quem diga que o risco Brasil subiu um “bocadinho”, ontem. Subiu porque morreu aos 62 anos, em São Paulo, uma das maiores referências em assuntos cambiais no País, o economista Emílio Garófalo Filho. “Nossa capacidade de resolver problemas cambiais ficou menor”, disse o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. “E o risco Brasil só não sobe mais porque ficaram muitos que aprenderam com ele.” 

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Garófalo se formou em Economia na PUC de São Paulo e entrou para os quadros do Banco Central, em 1977, onde fez carreira. Chefiou a divisão do ouro, o departamento de reservas internacionais e foi diretor da área internacional. Na década de 80, viveu o desespero de cuidar da dívida externa. “Nem nós nem os credores sabíamos ao certo o tamanho da dívida”, disse à revista Piauí, em entrevista publicada em março de 2011.

Ele era admirado por muitos operadores de câmbio de bancos e corretoras pela generosidade com que ensinava as técnicas para aperfeiçoar o mercado. Renato Rabelo, diretor do banco Ourinvest, onde Garófalo trabalhava como diretor de compliance, conta que ele era mais do que a autoridade monetária. “Era um educador.” 

O presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, diz que sua atuação foi um divisor de águas nos mercados de câmbio e ouro. Teve grande influência e presença em todos os grandes acontecimentos no relacionamento financeiro do País com o exterior, segundo Franco. “Grandes dramas da dívida externa, pequenas encrencas do controle cambial, passando pelas manhas das mesas de operações e pela construção institucional dos mercados e de normas.”

No governo, Garófalo foi assessor especial do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e também secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior, ligada ao Ministério do Desenvolvimento. No setor privado, foi responsável pela implantação de toda a área de operação de câmbio e controle de riscos do Grupo JBS, entre 2002 e 2005. O presidente do conselho de administração da empresa, Joesley Batista, diz que foi Garófalo quem trouxe para a indústria de manufaturados toda a tecnologia para lidar com o mercado volátil do câmbio. “Até hoje, essa área no JBS é referência de vantagem competitiva.” 

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