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MP do Rio repassa inquérito contra Eike para órgão federal

Investidores minoritários da petroleira fundada por Eike, a OGX, apresentaram denúncia por se sentirem lesados patrimonialmente

Por Mariana Sallowicz
Atualização:

Após a 4ª Delegacia de Polícia Civil do Rio ter instaurado inquérito para apurar suposto crime de estelionato pelo empresário Eike Batista no ano passado, o Ministério Público (MP) Estadual do Rio remeteu o caso ao Ministério Público Federal (MPF) por entender que a atribuição no caso cabe ao órgão federal. Além disso, entendeu que não se trata de suposto crime de estelionato.

O delegado titular da 4ª DP, Cláudio Vieira de Campos,afirmou ainda que intimou Eike a prestar depoimentos "duas ou três vezes", mas ele não atendeu aos pedidos. Foto: Adriano Ishibashi/Estadão

De acordo com documento do MP, investidores da petroleira fundada por Eike, a OGX, apresentaram a denúncia por se sentirem lesados patrimonialmente e ludibriados por Eike, que era acionista controlador e presidente do conselho de administração da empresa. A notícia-crime foi elaborada em abril do ano passado e o inquérito policial foi instaurado no mesmo mês. "O grupo de minoritários noticiou o crime e trouxe as provas, entre elas comentários de Eike em redes sociais. Após fazer a análise, entendi que se tratava de crime de estelionato", afirmou o delegado titular da 4ª DP, Cláudio Vieira de Campos. O delegado afirmou ainda que intimou Eike a prestar depoimentos "duas ou três vezes", mas ele não atendeu aos pedidos. "Remeti o caso ao Ministério Público Estadual e fui informado há cerca de dez dias que o caso foi para o MPF", disse o delegado. O MP confirmou que remeteu o caso ao MPF. Segundo a notícia-crime, os minoritários disseram que foram induzidos a erro por Eike ao comprarem ações da companhia. "Em determinado período de tempo, no mínimo entre 2012 e 2013, o referido acionista controlador (Eike) supostamente passou a iludir seus investidores, induzindo-os em erro, na medida em que distanciou-se da observância de regras de governança corporativa, deixando de esclarecer de forma transparente que os campos de petróleo de responsabilidade da referida sociedade anônima não teriam o aviamento desejado e propalado quando da atração dos investidores", diz o documento. Entre os campos de petróleo citados estão Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia, na Bacia de Campos. O MP informou que, apesar de numa análise preliminar se fazer presente a justa causa, não parece ter havido crime de estelionato. "Até porque, apesar de ter havido uma conduta ardilosa, fraudulenta, tendo causado prejuízos patrimoniais, verifica-se que há tipos penais mais específicos, relacionados com o mercado de capitais", afirma o promotor de Justiça Cláudio Calo Sousa, no documento em que rejeita a atribuição estadual. De acordo com o promotor, os delitos que teriam sido praticados, ao lesarem o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, acabam sendo da esfera federal e não da esfera estadual.

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