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MPF denuncia 29 por fraude de leite em MG

Por Eduardo Kattah
Atualização:

O Ministério Público Federal (MPF) em Passos (MG) denunciou 29 pessoas por crimes decorrentes de um esquema de adulteração do leite praticado pela Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), desbaratado em outubro do ano passado pela Operação Ouro Branco da Polícia Federal. Os denunciados - cujos nomes não foram divulgados pelo MPF - são acusados de adicionar soro e substâncias químicas, tais como peróxido de hidrogênio, soda cáustica, base creme e citrato de sódio, para reduzir a acidez do leite e aumentar os lucros. Divulgada hoje pela Procuradoria da República em Minas, a denúncia foi oferecida à Justiça na sexta-feira. Esta é a segunda acusação formal após as investigações da Operação Ouro Branco. No dia 19 de maio, o MPF em Uberaba (MG) denunciou 18 pessoas por participação no esquema de adulteração do leite praticado pela Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Copervale). Segundo o MPF, a nova acusação formal envolve toda a diretoria da Casmil à época dos fatos, os empregados da cooperativa envolvidos diretamente na adição das substâncias, o engenheiro químico responsável pela fórmula e funcionários do Serviço de Inspeção Federal (SIF) - órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária -, "que teriam se omitido na fiscalização e recebido propina para ignorar a fraude que era realizada." Conforme a denúncia, a diretoria da Casmil foi responsável por ordenar e coordenar "a adição de substâncias nocivas ao leite beneficiado na cooperativa." Também "autorizou o pagamento de vantagem ilícita aos funcionários do Ministério da Agricultura." A fraude, apurou o MPF, vinha ocorrendo há aproximadamente dois anos. Junto ao silo, no qual o leite ficava depositado para pasteurização e resfriamento, era adicionado o soro. "Em algumas oportunidades, porém, quando o leite obtido junto ao produtor já se revelava de má qualidade ou com percentual elevado de acidez, também ocorria de a adição das substâncias dar-se durante o transporte do leite coletado junto ao produtor, pelos próprios motoristas dos caminhões-tanque que eram encarregados da coleta", relata a acusação formal. Crimes A denúncia encerra o inquérito policial que tramitou perante a 1ª Vara da Justiça Federal em Passos. O MPF pede a condenação dos acusados por crimes contra a saúde pública e contra as relações de consumo, além de corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. Caso a denúncia seja recebida, os acusados responderão por crimes cujas penas, somadas, podem variar de oito a 24 anos de prisão. Em relação a alguns dos empregados denunciados, o MPF requereu a aplicação dos benefícios da delação premiada, já que eles colaboraram para o esclarecimento dos fatos em depoimentos prestados à PF. A assessoria de imprensa da Casmil informou que a antiga diretoria foi afastada e não possui mais vínculo administrativo com a cooperativa - que não irá se pronunciar sobre a denúncia apresentada, pois o caso ainda tramita na Justiça. Segundo a Casmil, funcionários da cooperativa envolvidos com a fraude foram demitidos.

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