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Na crise, cartões de benefícios apostam em tecnologia

Empresas direcionam esforços para soluções que ajudam o usuário a economizar, pois a inflação está corroendo os valores dos benefícios

Por Marina Gazzoni
Atualização:
App de cartão divulga descontos em restaurantes Foto: JF Diorio|Estadão

As empresas de cartões de benefícios estão travando uma corrida tecnológica em busca de diferenciação neste momento de crise. Por causa da crise econômica, que acarretou o fechamento de 1,7 milhão de vagas de emprego formal no Brasil em 12 meses, essas companhias vêm perdendo usuários. Para manter a preferência de quem utiliza o serviço, as empresas investem em soluções que enviam promoções personalizadas e em programas de fidelidade para quem paga a refeição com cartões de benefício.

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Nos últimos anos, as empresas de benefícios direcionaram seus esforços para criar soluções para o usuário final do cartão – que são os funcionários de seus clientes, já que o serviço é prestado para as empresas, que repassam o benefício aos trabalhadores.

A lógica é tentar oferecer um benefício cada vez mais valorizado pelo empregado. O objetivo é que o profissional faça pressão com os gestores de recursos humanos para que a empresa mantenha uma determinada bandeira, em detrimento de outra. “É verdade que o cenário mudou e não há mais uma disputa tão acirrada por trabalhadores entre as empresas. Mas os bons profissionais ainda são disputados e precisam ser retidos. E quem ficou precisa ser mais engajado”, afirmou ao Estado Fernando Cosenza, diretor de inovação da Sodexo.

A intenção de agradar os funcionários fica transparente em inovações recentes da Ticket. A empresa já lançou um aplicativo que funciona como atendente virtual para o Apple Watch e investiu na startup VocêQPad, que permite ao usuário olhar o cardápio, fazer o pedido e pagar por meio de um app. “Trata-se de um investimento para melhorar a produtividade e trazer diferenciação”, diz Cyrille Verdier, diretor de inovação da Edenred Brasil, dona da Ticket.

Apesar de toda a disputa tecnológica, o fator preço continua a pesar na decisão das companhias. O diretor de marketing e produtos da Alelo, André Turquetto, admite que os negócios ainda são muito pautados pelo valor. “As empresas precisam ter preço competitivo e também oferecer algo mais para o usuário do cartão.”

Inflação. Além da redução do total de usuários, outro efeito da crise no segmento de benefícios é a corrosão do saldo do vale-alimentação ou vale-refeição pela inflação. Isso é um risco para as empresas, que tentam evitar que o benefício oferecido perca relevância para o usuário.

Nesse contexto, elas têm intensificado as parcerias com os estabelecimentos para oferecer descontos para sua base de usuários. Os aplicativos são a forma de as empresas divulgarem as promoções aos seus clientes e até oferecer descontos personalizados.

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A Alelo investiu em sistemas para identificar o comportamento de compra de cada consumidor – em que região da cidade almoça, quanto gasta, qual seu restaurante preferido e tipo de comida que mais gosta.

A empresa usa seu aplicativo para oferecer promoções personalizadas, que são validadas automaticamente nos terminais de pagamento da Cielo, que faz parte do mesmo grupo. A Alelo poderá, assim, enviar uma promoção em um restaurante japonês apenas para os clientes de determinado bairro que gostam deste tipo de culinária.

Em um projeto-piloto com 50 restaurantes na região da Av. Paulista e da Vila Olímpia, em São Paulo, os consumidores atingidos conseguiram economia de até 25% no saldo do cartão entre outubro de 2015 e fevereiro deste ano. Para os restaurantes, a receita subiu cerca de 20%. A empresa vai expandir este ano o projeto para 250 cidades do Brasil e 160 mil estabelecimentos comerciais – cerca de 40% da sua rede credenciada.

A Sodexo também quer fazer o benefício render mais. A empresa abriu seu aplicativo para os restaurantes parceiros criarem programas de fidelidade próprios, incentivando que os fregueses voltem no estabelecimento.

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