Segundo a EPE, a energia demandada pelas indústrias caiu 8,9% entre novembro de 2014 e novembro de 2015 e lidera a queda do consumo. No Sudeste o consumo caiu 10% e no Nordeste, 12,9%. O consumo caiu 40% no Espírito Santo por influência do segmento de extração de minerais metálicos. O desastre ambiental em razão do rompimento das barragens da Samarco ajudou a empurrar o consumo para baixo.
Historicamente, há crescimento da demanda de eletricidade mesmo em anos de recessão, pois cresce o número de famílias e de residências para abrigá-las. Mas o comportamento da economia foi tão fraco que o consumo doméstico de energia caiu 2,2% entre novembro de 2014 e novembro de 2015, pior resultado em 12 anos e sétima queda mensal consecutiva.
Além da recessão, a alta das tarifas de energia elétrica em proporção muito superior à da inflação foi determinante para a redução do consumo. E há indicações de que o preço da energia continuará elevado, sob a influência da carga tributária.
Se em 2014, segundo estudo do Instituto Acende Brasil com a PricewaterhouseCoopers (PwC), os tributos corresponderam a mais de 40% do total da receita das empresas do setor elétrico, no biênio 2015/2016 a situação será pior. O risco, segundo o jornal Valor, é de que a carga possa superar 50% da receita mesmo depois dos vultosos subsídios concedidos pelo governo às companhias de eletricidade.
A oferta de energia elétrica é essencial para a economia e o governo é responsável por estabelecer políticas públicas adequadas para o insumo. Não foi o que ocorreu. Tantos foram os erros do modelo de política energética criado em 2012 que ele teve de ser abandonado, não sem antes provocar a desorganização do setor, cujo resultado são tarifas altas e dependência de fontes onerosas.