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Na esteira do Tesouro, CDBs e fundos também avançam

Produtos mais tradicionais aumentam popularidade, mas taxas podem comprometer a rentabilidade

Por Hugo Passarelli e Jéssica Alves
Atualização:

Não foi só o Tesouro Direto que ganhou popularidade entre investidores na renda fixa em 2016. Embalados pelo juro alto, velhos conhecidos do varejo bancário brasileiro, como os fundos de investimento e o Certificados de Depósito Bancário (CDB), também foram favorecidos. Quando se aplica nestes produtos mais tradicionais, contudo, o investidor precisa de atenção extra às taxas e custos para evitar perder dinheiro.

Investidor deve ficar atento a prazos e taxas Foto: Marcos Santos|USP Imagens

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O crescimento do Tesouro é incontestável: os recursos aplicados na plataforma aumentaram 67,4%, para R$ 36,6 bilhões, entre setembro do ano passado e mesmo mês de 2016. Apesar do salto, os títulos públicos ainda representam uma fatia pequena na renda fixa perto do volume nos fundos de investimentos, que possuem hoje um saldo de R$ 376 bilhões, uma alta de 15,4%. Mais de 90% desse dinheiro está aplicado em fundos que investem só em renda fixa.

“Quanto estou ganhando para colocar nesse fundo?” Essa é a pergunta que Fabrício Tota, gerente da corretora Socopa, recomenda que o pequeno investidor faça ao optar por um fundo de investimento. Em geral, dá para fazer a mesma operação pagando menos. É o caso dos fundos que aplicam no Tesouro Direto e cobram taxas mais altas do que o investidor gastaria ao aplicar diretamente.

Tota aconselha os fundos pela comodidade que oferecem, principalmente aqueles que são formados por produtos mais complexos e que exigiriam mais conhecimento, como os de ações e multimercado, que diversificam os investimentos em Bolsa, câmbio e renda fixa. “Basta garantir que as taxas são justas e que o fundo está nas mãos de um bom gestor”.

Descomplicado. Outra hipótese para o avanço do CDB, segundo Tota, é que o produto é visto como descomplicado e tem bons rendimentos. O investimento figura entre as preferências de quem aplica em renda fixa e teve aumento de 7,3% no saldo, para R$ 135 bilhões.

Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, explica que os CDBs estão atrelados à necessidade dos bancos de captar recursos para oferecer crédito. Esse investimento funciona como um ‘empréstimo’ que a pessoa concede ao banco por um determinado prazo e é remunerado por isso.

Quando a economia está em expansão e as pessoas tomam mais empréstimos, esses produtos ficam em alta, porque os bancos precisam de mais recursos. Mas eles continuam como ferramentas importantes de captação mesmo em momentos de recessão. O prestígio e fácil acesso ao CDB, segundo Viriato, explicam a alta nas aplicações. “É como se você chegasse ao mercado e perguntasse o que tem para vender. Nos bancos, o gerente oferece o que ele quiser captar.”

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Viriato também alerta que é importante evitar as escolhas confortáveis. Até mesmo dentro do universo dos CDBs é possível correr mais riscos e ter retornos maiores. Nos bancos pequenos e médios, a taxa dos CDBs costuma ser mais vantajosa. “Se não precisar deixar o dinheiro para uma reserva, pode aplicar por mais de dois anos para receber mais”, diz.

Como a crise joga um balde de água fria nos empréstimos, Fábio Colombo, administrador de investimentos, explica que os CDBs também podem estar ganhando em cima do desencanto com as letras de crédito imobiliário e agrícola. Antes vedetes, LCI e LCA vêm diminuindo a sua expansão porque seu lastro, o crédito, está retraído. “A demanda está fraca e as pessoas retornam para o instrumento mais antigo, que estão mais acostumadas.”

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