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‘Na fila do emprego, nossas qualidades viram poeira’

Desempregado há três anos, carpinteiro diz que até os bicos sumiram

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Por Redação
Atualização:

“É difícil enfrentar essa fila todos os dias, sair de casa de madrugada, com o estômago quase vazio e, no fundo, imaginando que o esforço vai ser em vão. Mas tento não desanimar. Desde que perdi meu emprego, como carpinteiro, depois que as obras na refinaria de Abreu e Lima terminaram, tudo ficou muito difícil em casa. Até o bicos sumiram, ninguém quer gastar com o que não é de primeira necessidade. Sou experiente, nunca chegava atrasado e nem tinha reclamação do patrão, mas nessa fila, todas as qualidades da gente viram poeira. São muitas pessoas qualificadas, a maioria jovem e com vontade de trabalhar, mas que já não conseguem mais ter o mínimo de esperança.

Marcelo José da Paz, de 40 anos, já está desempregado há três Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Eu me mudei do Recife para mais perto de Suape há cerca de cinco anos, mas já estou desempregado há três. Acho que as coisas vão melhorar, mas é difícil entender como quem é mais pobre e está procurando emprego só recebe porta na cara, enquanto a política não dá trégua com todo o festival de roubalheiras.

Pela primeira vez, acabei decidindo trazer os meus filhos mais velhos para tirar a carteira de trabalho. Quem sabe eles não têm mais sorte?” / Douglas Gavras

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