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Na Suíça, Temer diz que julgamento de Lula tranquilizará investidores

Presidente irá indicar a empresários em Davos o que é 'o novo Brasil'

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Por Redação
Atualização:

ZURIQUE – O julgamento do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva mostra que as instituições brasileiras estão “funcionando com tranquilidade”. O alerta é do presidente Michel Temer, que nesta terça-feira, 23, desembarcou em Zurique e, amanhã, segue para o Fórum Economico Mundial, em Davos. Para ele, o julgamento irá tranquilizar os investidores.

A participação de Temer no evento com líderes na Suíça, porém, coincide com o julgamento do ex-presidente, em Porto Alegre. Ainda que empresários e organizadores tenham declarado ao Estado que estarão com um olho em Davos e outro no tribunal brasileiro, Temer insiste que não há risco de “mal-estar”. “Não acredito que isso ocorra. Não vai causar mal-estar nenhum. É natural”, disse, ao entrar em seu hotel em Zurique. 

Davos, na Suíça Foto: AFP

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“Isso significa que as instituições brasileiras estão funcionando e funcionando com toda a tranquilidade, o que naturalmente da muita segurança para quem quer investir no País”, defendeu Temer. 

O presidente indicou que sua esperança é de que, com sua participação em Davos, “os investidores se interessem cada vez mais pelo Brasil”.

Numa agenda apresentada pelo Palácio do Planalto,Temer terá encontros com Angel Gurria, secretário-geral da OCDE, com CEOs da Enel, da Cargill, da Shell, com José Manuel Barroso, presidente do Goldman-Sachs, com os executivos da Arcelor Mittal, Ambev, Dow e Coca Cola. Ele também terá um contro com o presidente de Angola, João Lourenço, país que corre o risco de dar um calote diante dos empréstimos do BNDES para obras da Odebrecht na economia africana. 

 Outro encontro previsto é com o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri. Um dos temas, nesse caso, é a possibilidade de um acordo comercial entre o Mercosul e o país árabe.

 “Será um encontro muito produtivo para nosso país, embora toda temática seja uma temática empresarial, e nisso que vamos nos dedicar. Nos encontros que eu tenho são todos empresariais”, explicou Temer. 

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 O presidente  deixou claro o tom de seu discurso nesta quarta-feira. “O que eu pretendo fazer é mostrar no meu discurso o que é o novo Brasil”, disse. Um dos pontos que ele tocará é no oferecimento de uma carteira de investimentos em diversos setores de infra-estrutura, em que o Brasil busca atrair US$ 130 bilhões. “Acho muito oportuno essa oferta que vamos fazer”, disse. 

 Para o ano, ele estima que é ainda cedo para fechar uma previsão de crescimento para a economia. “É complicado dizer desde já. 2,5% para frente, não há duvidas. Alguns falam até em 3,5%. Vamos ficar nos 3%”, completou.

 O embaixador Ronaldo Costa, em conversa com a imprensa brasileira em Zurique, explicou que Temer tem a meta de mostrar que "o momento é de apostar novamente no Brasil".Para ele, há hoje um "descompasso na percepção global sobre o Brasil". 

 Entre os dados que Temer apresentará aos empresários estão a inflação de 2,95%, a queda na taxa de juros e uma expectativa expansão da economia. "São sinais de que a economia está reagindo", afirmou.

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 Reforma da Previdência. Ao Estado, Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, confirmou que Temer também irá insistir com os empresários de que a reforma da Previdência será mantida e que ela 

 O tema será apresentado como "o grande assunto pendente" do Brasil. Mas com um compromisso do governo de que o assunto estará na agenda com prioridade. 

 Temer chegou pouco antes das 15h do horário europeu em Zurique (12h horário de Brasília) e passa o dia na cidade suíça. Apenas na quarta-feira pela manhã é que ele toma o caminho de Davos, num trajeto de cerca de duas horas. La, permanecerá durante todo o dia e ainda será o convidado de honra de um jantar oferecido pelos organizadores do evento com alguns dos principais CEOs de multinacionais. 

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 A comitiva brasileira, uma das maiores em anos, ainda conta com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, Moreira Franco, o CEO da Petrobras, Pedro Parente, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho, e o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior. 

 Incógnita. Entre os organizadores, porém, não se esconde o fato de que tão importante quanto ouvir a mensagem de Temer nesta quarta será saber o que ocorrerá em Porto Alegre, 10,5 mil quilômetros de distância de Davos.

Em declarações ao Estado, o presidente do Fórum, Borge Brende, insistiu na semana passada que o empresariado internacional aposta no fato de que 2018 será um ano de recuperação para a economia brasileira. Mas ele também admitiu que o julgamento de Lula é “uma incógnita”. Sua avaliação é a mesma traçada por diversos outros organizadores consultados pelo Estado. 

Davos, porém, deixa claro que colocou o palco para que as autoridades brasileiras possam dar suas versões do que ocorre no País. Numa delas, Temer, empresários e banqueiros falarão sobre a tarefa de “moldar a nova narrativa do Brasil”. 

Organizadores do evento admitiam que sabiam da coincidência das datas. Mas, não por acaso, o principal discurso de Temer em Davos ocorre na manhã desta quarta-feira, quando o processo de Lula no Brasil nem mesmo terá sido iniciado. 

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