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‘Não advogo pelo impeachment, mas é um instrumento na mesa’

Para presidente da Firjan, governo perdeu a ‘musculatura’ para liderar as mudanças que o País necessita

Por Vinicius Neder
Atualização:
Para Gouvêa Vieira, País está numa 'encruzilhada' Foto: Nilton Fukuda/Estadão

 RIO - Institucionalmente, na qualidade de representante dos industriais fluminenses, o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, nega apoio explícito a um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas considera que o atual governo perdeu a “musculatura” para adotar as medidas necessárias na economia e conclama o Congresso Nacional a encontrar uma saída. Nesse quadro, o impeachment da presidente é tratado como “um dos instrumentos” democráticos previstos na Constituição para sair do impasse criado pela crise política.

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Em entrevista ao Estado, Gouvêa Vieira sustenta que o Brasil está numa encruzilhada entre adotar uma política econômica com menor peso estatal, para tornar-se desenvolvido, ou seguir por uma política ultrapassada, caminhando para ser uma “republiqueta”. O presidente da Firjan também evita apoiar institucionalmente as manifestações de domingo, apoia o vice-presidente Michel Temer e vê no Congresso capacidade para formar um novo governo, fazendo as reformas necessárias até as eleições de 2018. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o sr. está vendo o cenário político e econômico?

O grande desafio é ultrapassarmos esse debate político dentro da democracia, usando os instrumentos legais e constitucionais que existem para descobrir a porta de saída. A responsabilidade disso é do Congresso Nacional, dos nossos representantes. Como está, não pode ser. O desemprego vai aumentar mais, a inflação lá em cima, as famílias diminuindo a renda, miséria na rua.

O impeachment é solução?

Não advogo pelo impeachment. Não tenho torcida sobre isso. Agora, é um instrumento que está na mesa, que tem de ser examinado dentro da normalidade. O que existe hoje é uma fraqueza de liderança e uma descrença na liderança brasileira.

Em setembro, o sr. afirmou em entrevista ao ‘Estado’ que a discussão sobre um eventual impeachment não levaria a lugar nenhum. O que mudou desde então?

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Tudo. A sociedade mudou sua percepção, o pessimismo, a descrença no Executivo. Quando eu falava sobre isso em setembro, ainda tinha esperança de que o Executivo tivesse musculatura para liderar essas mudanças. Na falta de um Executivo robusto (atualmente), dá para descobrir alternativas. O que se fez de dois meses para cá? Chegamos a uma encruzilhada. Um caminho é perseguir o que os países mais desenvolvidos do que nós fizeram de bom, para nos tornarmos país de primeiro mundo. O outro caminho é o da “republiqueta”, tudo isso que vemos aí em outros países vizinhos. Esse programa que dizem que o PT gostaria de implementar leva à “republiqueta”.

É possível fazer uma “concertação” no Congresso, como propôs o ex-presidente Fernando Henrique, com o governo atual?

É um desafio. Não acredito que o governo atual seja capaz de fazer essa concertação. Se não fez até agora, não vejo que vai fazer.

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