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'Não aguentou o tranco', diz assessor de Temer sobre Maria Silvia

Além da relação difícil com funcionários do BNDES, ela também era pressionada pelos 'clientes' do banco

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - A decisão da presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, de pedir para deixar o governo em meio às dificuldades enfrentadas pelo presidente Michel Temer, repercutiu negativamente no governo e pegou de surpresa o Palácio do Planalto. 

A avaliação de integrantes do governo é de que Maria Silvia perdeu o controle da sua equipe dentro do banco depois da operação da Polícia Federal e aproveitou o momento político complexo para deixar o cargo. 

Maria Silvia Bastos Marques tem passagem pela CSN, BNDES e Goldman Sachs Foto: Sérgio Moraes/ Reuters

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"Ela perdeu o controle do banco e os funcionários estavam revoltados com o banco sendo enxovalhado", disse uma fonte do governo, destacando que, desde o início da sua gestão, Maria Silva não mantinha uma boa relação com os funcionários da instituição.

Para assessores do presidente Michel Temer, ouvidos pelo Estado/Broadcast, a presidente do BNDES não "aguentou o tranco". "Não pegou bem. Não ficou bem para ela, que chegou e pediu demissão de forma irrevogável", avaliou um assessor próximo do presidente Michel Temer. No encontro com Temer, a agora ex-presidente do BNDES se mostrou bastante emocionada, segundo relator.

LEIA CARTA DE DEMISSÃO DE MARIA SILVIA BASTOS DA PRESIDÊNCIA DO BNDES

Além da relação tumultuada como o corpo técnico do BNDES, Maria Silvia também estava sendo pressionada pelos "clientes" do banco, que reclamavam da demora na aprovação dos financiamentos. Não vai faltar nome para a vaga, ironizou uma fonte da área econômica.

Antes da eclosão da nova crise política, Maria Silvia já estava sob bombardeio de críticas de concessionários e de setores empresariais e enfrentava "fogo amigo" de integrantes do próprio governo. As reclamações maiores eram de que ela tinha travado o crédito e, quase um ano depois de assumir o comando do banco, ainda não conseguira fazer a instituição funcionar.

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As críticas dentro do governo eram de que o BNDES estava "atolado" em liquidez sem conseguir emprestar às empresas. Dessa forma, estaria sendo ineficiente no estímulo à volta dos investimentos. 

Já na avaliação dos funcionários a presidente do BNDES só "sabia falar de privatização" e não defendeu os empregados da operação da Polícia Federal. 

A saída de Maria Silvia do banco é vista por analistas do mercado como um retrocesso perigoso para a nova política econômica do presidente Temer. 

Logo depois do anúncio, o presidente Temer chamou os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, para um reunião no Palácio do Planalto. 

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