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'Não esperava que o dólar superasse R$3,50', diz microempresária

Família reduziu o roteiro de viagem para África do Sul e reservou hotéis com menos estrelas

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara , Guilherme Sette , Kaype Abreu e Especiais para o Estado
Atualização:

A família Rocha teve de mudar os planos da viagem de férias para África do Sul que fará no mês que vem por causa da disparada do dólar. Reduziu o período da viagem, optou por hotéis menos sofisticados e tirou destinos da programação para conseguir cortar os gastos em 30%.

No começo do mês passado, quando o dólar turismo estava cotado a R$ 3,46, a microempresária Liana Machado Rangel Rocha tinha fechado um roteiro de três semanas para a África do Sul com o marido e o casal de filhos. “Foi o presente de aniversário pedido pelo meu filho Pedro, que completa dez anos este mês.” No meio da tarde de ontem, ela estava na agência de turismo refazendo a programação. “Não esperava que o dólar passasse de R$ 3,50.”

A família da microempresária Liana teve que fazer adaptações no roteiro após a disparada do dólar. Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

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Na última quarta-feira, 02, o dólar turismo atingiu o pico de R$ 3,73 em papel-moeda nas corretoras consultadas pelo Estadão/Broadcast. Para negócios no cartão pré-pago chegou a ser cotado R$ 3,92, aponta o site Melhorcambio.com.

Nas adaptações feitas no roteiro, Liana disse que o plano inicial era uma viagem de três semanas, começando no início de julho. Agora, com o orçamento mais apertado, a viagem será de duas semanas e vai começar no dia 23 de junho. “Antecipamos em uma semana para pegar um tarifa aérea menor”, explicou. Com isso os filhos vão perder uma semana de aula.

Os hotéis inicialmente programados, que eram de cinco estrelas, terão uma estrela a menos. E as Ilhas Maurício, no Oceano Índico, foram suprimidas do roteiro, que inclui Johannesburgo, Cidade do Cabo e o Parque Nacional Kruger.

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Além de enxugar roteiros, Claudine Blanco, sócia da agência Viajar com Crianças, contou que o público de maior renda está adiando as viagens que faria em julho para janeiro do ano que vem. “As viagens para julho estão devagar”, reclamou. Desde o início de abril, ela disse que as vendas caíram pela metade. “Não é só o dólar que está afetando os negócios, mas a insegurança em relação ao que será o País depois das eleições.”

Na expectativa de que a cotação recue, Liana ainda não comprou os dólares que vai levar na viagem.  Esse movimento foi sentido pelo operador de câmbio da Dibran DTVM, Antonio Jordão. Nos últimos 30 dias, a corretora registrou uma queda de 20% no volume de venda de moeda estrangeira. Ele explicou que o comportamento dos viajantes mudou. Quem ainda tem algum tempo até a data da viagem optou por comprar o dólar aos poucos para conseguir obter uma taxa média melhor. “Uma diferença a menos de R$ 0,20 por dólar é significativa para quem vai comprar entre US$ 2 mil e US$ 3 mil.” 

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Contramão. Mas há outros turistas que pensam diferente e que foram às compras na última semana, temendo uma alta maior da moeda americana. 

Mathias Fischer, diretor de Estratégia e Inovação da casa de câmbio online Meu Câmbio, afirmou que a alta do dólar turismo tem se refletido positivamente nas vendas da empresa. “A semana passada foi a melhor semana do ano, tivemos aumento de 100% nas nossas vendas”, disse. A maior procura tem sido por dinheiro em espécie. É que hoje o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no cartão é de 6,38%, enquanto sobre a compra a em papel-moeda estrangeira incide a alíquota de 1,1%.

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