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Negociação sobre Grécia avança e ‘acabará nessa semana’, diz Europa

Novo entendimento  vai pressupor a extensão do programa de socorro internacional e injetará mais € 35 bi na economia grega

Por Andrei Netto e correspondente
Atualização:
 Foto: Petros Giannakouris/AP

A União Europeia vai fechar ainda nessa semana o acordo com o governo da Grécia para reformas econômicas e de Estado. O anúncio foi feito pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e confirmado por chefes de Estado e de governo. O novo entendimento com o governo do primeiro-ministro rego, Alexis Tsipras, vai pressupor a extensão do programa de socorro internacional e injetará mais € 35 bilhões para relançar os investimentos e estimular a atividade econômica.   A cúpula de chefes de Estado e de governo da zona do euro, terminou por volta de 23h em Bruxelas, 18h no horário de Brasília. Mais cedo, ministros de Finanças já haviam discutido por duas horas a nova proposta de reformas econômicas entregue pelo governo da Grécia na noite de domingo aos credores internacionais - a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). 

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Segundo o coordenador do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a proposta grega foi "um passo positivo nas discussões", que permitiria aos credores continuar a negociar e "entrar nas especificidades". "É ampla e completa", disse o ministro, comentando a proposta. "Mas temos de ter paciência." 

Também o comissário europeu de Finanças, Pierre Moscovici, elogiou os compromissos oferecidos pelo governo de Tsipras, que agora admite reformar a TVA, o imposto sobre o consumo, assim como as pré-aposentadorias, dois pontos de divergência até aqui. O objetivo é aumentar a arrecadação e reduzir as despesas de forma a reduzir em € 2 bilhões o buraco das contas públicas. "São uma boa base de trabalho, mas resta algum trabalho a fazer para verificá-la", ponderou Moscovici, explicando que as condições políticas para o entendimento seriam discutidas à noite pelos chefes de Estado e de governo.

A nova oferta apresentada por Tsipras, fazendo concessões aos credores, e o otimismo dos ministros europeus levou as bolsas de valores a reagirem bem. No final do pregão, todos os indicadores dos mercados financeiros fecharam em alta. Em Frankfurt, o índice DAX subiu 3,81%, o mesmo patamar do CAC 40, de Paris. Na Grécia, o índice FTSE/Athens 20 ganhou 8,63%, enquanto o indicador europeu Euro STOXX 50 subiu 4,06%.

Logo após o fechamento dos mercados, teve início a reunião de cúpula, com as presenças da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, do presidente da França, François Hollande, e de Tsipras, que chegou sorridente em frente às câmeras. Ao chegar, Merkel informou os jornalistas que o encontro teria caráter "consultativo", e que nenhuma decisão efetiva seria tomada pelos líderes políticos ontem à noite.

Ao final do encontro, realizado a portas fechadas, de fato não houve anúncio de uma decisão final, mas a sinalização de que o compromisso é questão de horas. "Estou convencido de que vamos chegar a um acordo até o final dessa semana", afirmou Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, um dos principais credores internacionais de Atenas, com € 141 bilhões em obrigações soberanas gregas. "Não podemos não chegar a um acordo. Não temos mais tempo de prorrogação."

Ainda conforme Juncker, uma nova reunião do fórum dos ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) acontecerá na quarta-feira para discutir os detalhes do entendimento. Dois ministros gregos destacados por Tsipras também permanecerão em Bruxelas para avançar nas tratativas até a redação do documento final. "Os gregos fizeram uma proposta que representa um avanço maior", explicou Juncker, que revelou: "Nós propomos aos gregos um pacote de € 35 bilhões de fundos para o crescimento e o emprego na Grécia". 

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O montante, porém, não diz respeito a um terceiro plano de socorro ao país - dois foram aprovados em 2010 e 2012, no valor total de € 240 bilhões. O acordo deve resultar também na liberação da última parcela do segundo resgate, um total de € 7,2 bilhões que está bloqueado e não transferido à Atenas desde agosto de 2014. Esse dinheiro deve ser usado pelo governo de Tsipras para reembolsar quatro parcelas devidas ao FMI em 30 de junho, no total de € 1,6 bilhão. O pagamento é condição para que o país evite um default de pagamentos - que seria o primeiro da história da União Europeia.

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