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Nem a crise global de 2008 assustou tanto a indústria

Os indicadores industriais divulgados nos últimos dias coincidem na avaliação de que o setor continua em declínio acentuado e a situação já é pior do que a verificada nos meses que se seguiram à crise global decorrente do estouro do mercado de hipotecas norte-americano. Em janeiro de 2009, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou para 74,1 pontos - bem abaixo da linha de 100 pontos que separa os campos positivo e negativo - e neste mês chegou a 67,4 pontos, em queda quase contínua desde o fim de 2012.

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Por Redação
Atualização:

O ICI é estimado pela Sondagem da Indústria de Transformação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, realizada com 780 empresas entre os dias 3 e 17 do mês. Trata-se apenas da prévia do indicador a ser divulgado na próxima semana, mas basta para afastar dúvidas.

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Na última quarta-feira, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) notou que “a comparação com 2009 é inevitável”. Naquele ano, “arrastada pela onda da crise global”, a atividade industrial despencou e o emprego caiu 4,8% num semestre. É ainda pior a situação atual, segundo o Iedi, pois o emprego industrial no semestre caiu consecutivamente no triênio: 1,4% em 2012; 1,1% em 2013; e 3,2% em 2014. Neste ano, caiu 5,2% em relação a igual período do ano passado.

Demanda fraca e margem de lucro comprimida foram citados pelo economista Aloisio Campelo, da FGV, entre os fatores que empurraram para baixo o ICI, com queda de 2,5% em relação a julho. A desvalorização do real não compensou os aspectos negativos. A retirada de incentivos será um fator ruim a mais para a indústria, independentemente das conveniências fiscais.

As expectativas são piores do que a situação atual das indústrias, segundo a sondagem da FGV. Em relação a agosto de 2014, o Índice de Expectativas caiu 19,8%, chegando a 66 pontos, com ajuste sazonal. O Índice de Situação Atual é ligeiramente melhor (68,8 pontos), o que pode ser explicado pelo pequeno aumento do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), de 77,9% em junho para 78% em julho e 78,3% neste mês. Mas o indicador ainda é muito menor que a média dos últimos 60 meses, de 83,4%.

Afinal, como notou a economista Silvia Matos, da FGV, em entrevista ao Estado, a indústria está muito estocada e a piora do mercado de trabalho afeta toda a economia.

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