PUBLICIDADE

Nippon vai à Justiça para retomar voz na Usiminas

Grupo japonês quer Rômel de Souza de volta ao grupo; cisão na siderúrgica esfria

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

Acabou de vez a trégua entre a japonesa Nippon Steel e o grupo ítalo-argentino Ternium, subsidiária da Techint, que são sócios do bloco de controle da Usiminas. A Nippon entrou com um processo na Justiça mineira, que está sob sigilo, para derrubar o presidente da siderúrgica Sérgio Leite, eleito no dia 25 de maio, apurou o Estado. Leite substituiu o executivo Rômel de Souza, que era nome de confiança do grupo japonês.

PUBLICIDADE

A Justiça de Minas deverá decidir sobre o tema nos próximos dias. Fontes ligadas ao grupo japonês afirmaram que a eleição de Leite foi irregular, uma vez que não houve consenso. Pelo acordo de acionista da companhia, vigente até 2031, os dois controladores precisam entrar em acordo nesse tipo de deliberação. A Nippon foi contra a nomeação de Leite. “Mas, mesmo assim, decidiram no dia 25 pela votação dele na reunião de conselho”, disse uma pessoa que participou da votação. Souza teria se aposentado, segundo fontes.

Com Leite na presidência executiva da companhia, a Ternium volta a ganhar poder na siderúrgica. O advogado Elias Brito já tinha sido eleito presidente do conselho de administração da Usiminas e é um nome que tem o apoio do grupo ítalo-argentino, o que incomoda o sócio japonês.

Em abril, os dois sócios se uniram, pela primeira vez depois de setembro de 2014, quando deram início à maior disputa societária do País, para evitar que um dos dois membros do conselho indicados pela CSN, de Benjamin Steinbruch, fosse eleito ao cargo. Gesner de Oliveira e Ricardo Weiss tiveram o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para entrar no conselho da siderúrgica. A Nippon também contesta essa decisão. A Ternium não recorre mais.

Acordo. A expectativa é de que os dois sócios busquem um acordo para a alternância de poder na siderúrgica, que está com um plano de reestruturação de dívidas de cerca de cerca de R$ 7,5 bilhões avançado. Ontem, a companhia divulgou ao mercado que o BNDES aprovou seus planos de renegociação das dívidas.

A instituição de fomento e os bancos nacionais (Banco do Brasil, Bradesco e Itaú) respondem por 75% das dívidas do grupo, que foram alongadas por dez anos. Essa renegociação está condicionada à aprovação do aporte de R$ 1 bilhão na companhia, ratificado pelo conselho na quarta-feira. Os 25% restantes dos débitos estão nas mãos de bancos japoneses, como JBIC, que devem ser renegociados nas mesmas condições até julho.

Cisão. Com dois importantes nomes na Usiminas, a Ternium teria esfriado as conversas para uma possível cisão na siderúrgica. Durante os últimos meses, os dois sócios discutiam a divisão dos ativos em uma tentativa de encerrar, de vez, a briga. A Ternium ficaria com a unidade de Cubatão (ex-Cosipa), no litoral paulista; e Nippon com Ipatinga, em Minas Gerais. Os dois também são sócios no México e as relações nesse país também estariam estremecidas. Procuradas pela reportagem, Usiminas e os dois sócios não comentam.

Publicidade