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No Arco Norte, Bertolini movimentará 1,3 milhões de toneladas de soja para grandes tradings

Empresa de transportes, que iniciou operações em 2015 no Porto de Miritituba, em Itaituba (PA), deve embarcar este ano 30% mais grãos

Por Clarice Couto
Atualização:
Terminal de grãos da Bunge em Miritituba, no Pará Foto: SÉRGIO CASTRO|ESTADÃO

A empresa de transportes Bertolini iniciou suas operações em Miritituba no ano passado, mas já em 2016 deve movimentar aproximadamente 1,3 milhão de toneladas de grãos por seu terminal flutuante naquele distrito de Itaituba, sudoeste do Estado. O volume é 30% superior ao movimentado em 2015. Por causa do aumento da demanda das grandes tradings para as quais presta serviço, como Cargill, ADM e Glencore, a Bertolini afirma que já investe em expansão para dobrar o escoamento em 2017.

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A empresa está finalizando seu segundo terminal em Miritituba, previsto para ser inaugurado em setembro, com estrutura idêntica à do atual, de 3.520 metros quadrados. "As multinacionais com quem já trabalhamos querem aumentar seu escoamento por ali", disse ao Broadcast Agro o gerente do terminal da Bertolini em Miritituba, Denilson Alves. O investimento no novo porto flutuante não foi revelado e deve atender em um primeiro momento apenas às tradings com as quais a empresa já possui contratos. Não está descartada, porém, a prestação de serviços a novos clientes.

Diferentemente de multinacionais como ADM e Bunge, que possuem suas estações de transbordo de cargas na região em terra firme, às margens do Rio Tapajós e dotadas de grandes silos para armazenamento dos grãos que chegam ao local, o terminal da Bertolini é flutuante e não conta com silos. Localizado em um ponto fixo na margem do Tapajós, o terminal recebe cerca de 100 caminhões por dia, provenientes de Mato Grosso, cuja carga é descarregada nas barcaças.

Todos os dias, a Bertolini carrega duas barcaças em Miritituba, com capacidade cada uma para 2.500 toneladas, ou cerca de 50 caminhões para encher cada barcaça. De lá, elas podem seguir em comboio ao porto de Santarém, para onde é levada a carga da Cargill, ou ao porto de Vila do Conde, em Barcarena, na Grande Belém, destino final da produção de ADM e Glencore. A maior parte do volume transportado pela Bertolini na região, 70%, corresponde a cargas da Cargill. Soja e milho têm igual peso no volume total movimentado pela empresa de transportes.

Segundo Alves, apesar das dificuldades para cruzar trechos não pavimentados da BR-163, caminhoneiros que partem do Médio-Norte de Mato Grosso gastam menos tempo indo para Miritituba do que para Santos (SP). "Em direção ao porto santista o produto percorre rodovia em melhor condição, mas tem de arcar com pedágio, maior fluxo de veículos e demora de 2 a 2,5 dias até o porto paulista", ressalta. Já os veículos que rumam para Miritituba gastam, em média, um dia e meio para percorrer parte das rodovias 163 e 230 (a conhecida Transamazônica) que levam até o terminal da Bertolini em Itaituba. Não pagam pedágio nas estradas paraenses mas, por outro lado, não raro atolam nos trechos sem asfalto, especialmente durante o chuvoso inverno amazônico, de novembro a abril. Com a pavimentação total do trecho mato-grossense da BR 163 e da BR 230, os caminhões gastariam cerca de 14 horas entre Mato Grosso e Miritituba, estima Alves.

A Bertolini só contará com sistema de agendamento dos caminhões no fim deste ano. Por isso, não tem ainda como saber quando um trecho da estrada está em condições que inviabilizam a passagem de caminhões. "Descobrimos que houve problema quando os caminhões param de chegar, ou quando conseguimos nos comunicar por celular, ou redes sociais com alguém. Nestes casos fazemos contato para que não carreguem mais caminhões na origem", contou o gerente da empresa em Miritituba. De acordo com Alves, muitas vezes os caminhões ficam até 3 dias parados no mesmo ponto da estrada. Apesar dos possíveis contratempos, o executivo diz que a escolha por Miritituba não leva isso em questão. "A alternativa de escoar toda essa soja que vem do Centro-Oeste pelas hidrovias do Norte é cada vez mais competitiva comparada ao alto custo do frete para Santos e Paranaguá e veio para ficar."

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