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No Piauí, a nova fronteira do minério

Empresa GME4 busca na Ásia e Europa investidores para projeto

Por Paulo Justus e
Atualização:

Dentro de alguns dias, a empresa de pesquisas de mineração GME4 começa uma turnê para vender uma mina de minério de ferro no sul do Piauí. Avaliada em US$ 2,4 bilhões e com reserva estimada em 800 milhões de toneladas, a jazida será apresentada em Xangai, Londres e Nova York. "Nosso objetivo é vender cerca de 80% da mina, não temos intenção de sair da área", diz o geólogo João Carlos Cavalcanti, o JC, um dos sócios da GME4, junto com o grupo Opportunity, de Daniel Dantas. Com assessoria do banco Credit Suisse, a empresa quer atrair siderúrgicas interessadas em escapar dos fornecedores tradicionais da commodity. "Os compradores em potencial são siderúrgicas da China, Japão, Coreia e Reino Unido que querem fugir do oligopólio de mercado exercido pela Vale, Rio Tinto e BHP, que juntas detêm 80% da produção mundial", diz JC. O geólogo pretende repetir na área o sucesso alcançado há três anos na Bahia, onde descobriu uma reserva de minério de ferro vendida por US$ 360 milhões para o investidor indiano Pramod Agarwal - tido como representante de Lakshimi Mittal, dono do maior grupo siderúrgico do mundo, a ArcelorMittal - e para o Eurasian Natural Resources Corporation, grupo de mineração do Casaquistão. A descoberta ajudou JC a entrar para o clube dos bilionários brasileiros praticamente da noite para o dia. O Instituto de Desenvolvimento do Piauí (Idepi) espera que, com essas descobertas, o Estado já esteja em quarto lugar em reservas do mineral, com potencial para ultrapassar a Bahia, hoje na terceira posição. "Temos a vantagem de ter uma infraestrutura logística em construção, a ferrovia Transnordestina", diz o diretor de Recursos Minerais do Idepi, Luiz Gonzaga Paes Landim. A ferrovia vai ligar o sul do Piauí aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, e deve ser concluída em 2011, pelas estimativas do governo federal. O empreendimento, previsto para ser entregue em 2010, está com um ano de atraso. A área das descobertas fica a 20 km do traçado da ferrovia. "O escoamento é uma questão-chave para as mineradoras", diz JC. O geólogo diz já ter firmado contrato para o fornecimento de energia - virá da hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia. Depois da GME4, outras mineradoras se interessaram pelo potencial da região. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Bahia Mineração (Bamin), a anglo-australiana BHP Billiton, a Vale e a MMX fizeram requerimentos para exploração de minério de ferro no sul do Estado. A Vale confirma ter requerido áreas para a exploração na região, mas diz que ainda não fez perfurações. As demais mineradoras não confirmaram ter projetos em andamento no Estado. O Piauí entrou no radar da mineração recentemente - o projeto de maior impacto até aqui é de produção de níquel e começou em 2005 por iniciativa da Vale. Os requerimentos de exploração mineral praticamente dobraram anualmente nos últimos 4 anos, de acordo com o DNPM. Saíram de 192 em 2005 para 1.491 no ano passado. "A maioria dos requerimentos foi para a prospecção de minério de ferro na região sul do Estado", diz o geólogo do DNPM, José Carlos Sales Campos. Para o diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Tunes, a jazida da GME4 é pequena se comparada a Carajás e semelhante a outras na Bahia e Minas Gerais e Mato Grosso. O mais importante, segundo ele, será a contribuição da atividade no desenvolvimento do Piauí. "Cada emprego criado na mineração corresponde a outros 13 ao longo da cadeia produtiva", diz.

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