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Nova pesquisa mostra 'sim' à frente em plebiscito grego

Levantamento do instituto GPO mostra 'sim' com 47% e 'não' com 43%; governo lança site oficial para explicar objetivo da consulta popular, mas faz campanha implícita pelo 'não'

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Por Fernando Scheller
Atualização:

(Atualização às 7h30)

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No mesmo dia em que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apelou para a população votar “não”, uma pesquisa divulgada pelo instituto GPO, que ouviu mil pessoas em toda a Grécia, afirmou que o “sim” aparece na frente, com 47,1% dos entrevistados afirmando que vão aceitar as condições impostas pela União Europeia para permanecer no bloco econômico, enquanto 43,2% devem optar pelo “não”.

O número de indecisos é de 6,3% e a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos porcentuais, para mais ou para menos. A votação acontece no próximo domingo, 5. Uma outra pesquisa divulgada ontem mostrou que a população está, aos poucos, movendo-se do “não” para o “sim” nas pesquisas desde o fechamento dos bancos eo limite de saques de € 60 por dia imposto à população. Antes da medida, o apoio ao "não" era de 57% e o ao "sim" era de 30%. Agora, o “não” tem 46% e o sim, 37%. A comparação foi feita pelo instituto ProRata e publicada ontem pelo jornal Efimerida ton Syntakton.

No jogo de xadrez da política grega, a consulta popular representará um movimento vital – basicamente, ao se posicionar contra as exigências da União Europeia para liberação de ajuda ao país, o primeiro-ministro parte para o tudo ou nada. A carta de intenções que tentava um novo acordo com credores, divulgada na quarta-feira, um desvio radical de discurso, teria sido uma última tentativa de evitar que a popularidade do primeiro-ministro fosse testada nas urnas. Sem acordo com o Eurogrupo, Tsipras se viu com um único caminho a seguir.

Ao urgir a população pelo “não” no domingo, o primeiro-ministro assegurou que a negativa é apenas contra as condições impostas ao país. Frisou que, em vez de deixar o bloco econômico e a zona do euro, o recado do plebiscito serviria para melhorar as condições de negociação.

Na noite de terça-feira, a Grécia se tornou o primeiro país desenvolvido a dar calote no Fundo Monetário Internacional (FMI) ao deixar de honrar um compromisso de € 1,6 bilhão. Para garantir que o “não” tenha chances de vencer a disputa nas urnas de domingo, o partido de extrema esquerda Syriza, ao qual o primeiro-ministro pertence, encheu as ruas de Atenas com cartazes onde se lê “óxi” (não, em grego).

Estado percorreu as ruas e não achou nenhuma propaganda para o “nai” (sim).  No entanto, presenciou alguns pedestres arrancando as placas do Syriza dos postes da cidade.

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Além dos cartazes, da distribuição de panfletos e da visibilidade do discurso de Tsipras, a campanha pelo “não” chegou a estender uma grande faixa no edifício do Ministério da Economia grego, que fica em frente à praça do parlamento do país. No pôster, traduzido para o inglês, lia-se: “não à chantagem, não à austeridade”.

Site oficial. O governo grego colocou no ar um website que explica os motivos para o plebiscito. A página faz uma contagem regressiva para o pleito e inclui um comunicado do primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, afirmando que a consulta popular não "é para decidir se o país continuará ou não na zona do euro". "No domingo, vamos decidir se aceitamos o acordo oferecido pelas instituições ou se, com a força do veredicto das pessoas, vamos buscar uma solução viável."

Para justificar o plebiscito, um dos links do website lembra que outros países europeus também colocaram questões referentes à permanência na União Europeia em votação antes. Entre os exemplos citados estão plebiscitos que decidiram questões bem claras, como os referentes a adoção do euro na Dinamarca e na Suécia - em ambos os casos, o uso da moeda comum foi rejeitado por maioria de votos.

Embora seja um website informativo, a campanha pelo "não" - posição defendida pelo primeiro-ministro - está claramente explicitada. Em uma seção de infográficos, o website lembra a deterioração das condições macroeconômicas da Grécia nos últimos cinco anos. Os dados mostram que o desemprego entre jovens subiu de 30% para 55% entre 2010 e 2015. Além disso, lembra que, graças à difícil situação econômica, o país viu aumento de 35% na taxa de suicídios e de 270% nos casos de depressão.

Site oficial da consulta popular na Grécia faz contagem regressiva para a votação Foto: Reprodução
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