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Nova taxa de juros ajudará a estabilizar inflação, diz diretor do Banco Central

Tiago Berriel argumentou que a atual Taxa de Juros de Longo Prazo depende de decisões do Conselho Monetário Nacional, o que retira sua previsibilidade.

Por Idiana Tomazelli e Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tiago Couto Berriel, afirmou nesta quarta-feira, 12, que o BC trabalha para que a oscilação da inflação seja menor daqui para frente. "Isso não é uma promessa, mas um compromisso", disse. O diretor disse ainda que, diante desse compromisso, a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) trará um ciclo virtuoso, estabilizando a atividade e contribuindo para o controle do ritmo de avanço de preços na economia. O cálculo da nova taxa é vinculado NTN-B, título público atrelado à inflação. 

A TLP foi criada para reduzir a diferença que há entre o custo que o Tesouro Nacional paga ao mercado para se financiare a taxa que a União cobra nos empréstimos ao BNDES Foto: André Dusek/Estadão

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"Pessoas dizem que inflação gera volatilidade maior na TLP, mas isso não é verdade. TLP trará ciclo virtuoso, estabilizando atividade e inflação, e isso estabiliza a própria TLP", disse Berriel.

O diretor do BC argumentou que a atual Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) depende de decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN), o que retira sua previsibilidade. "Não há garantia de que TJLP fique no patamar atual (7,0% ao ano), maior ou menor", afirmou.

A TLP foi criada com o objetivo de reduzir a diferença que há hoje entre o custo que o Tesouro Nacional paga ao mercado para se financiar, que é a Selic (hoje em 10,25% ao ano), e a taxa que a União cobra nos empréstimos ao BNDES, que é a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), em 7% ao ano.

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Berriel criticou ainda a forma atual de subsídio pela TJLP, que é implício. Ele se dá pela diferença que há hoje entre o custo que o Tesouro Nacional paga ao mercado para se financiar, que é a Selic (hoje em 10,25% ao ano) e a TJLP, em 7% ao ano. Nos quatro primeiros meses deste ano, o governo já teve um custo de R$ 5,97 bilhões por conta dessa diferença (o chamado subsídio implícito). Mas no passado recente, com um diferencial de juros ainda maior, essa conta chegou a mais de R$ 20 bilhões em 2014.

"O País pode dar subsídio, mas dentro do Orçamento, com transparência. O subsídio tem que ser debatido e ranqueado ante outros gastos, não fora do balanço. Essa maneira (de subsídio implícito) não é transparente", criticou o diretor do BC.

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Berriel disse também que a TLP não significa eliminar totalmente o crédito subsidiado da economia. Mas ele alertou que nenhum país hoje dá crédito a empresas a uma taxa de juros menor que o seu próprio custo de financiamento. "Estamos aproximando taxa de financiamento do BNDES ao custo de oportunidade do Tesouro Nacional", explicou. 

Avaliação. O diretor ainda afirmou que é preciso fazer um "exame crítico" dos subsídios concedidos via Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 7% ao ano, abaixo do custo de financiamento do próprio Tesouro Nacional. "Para quem toma taxa subsidiada é ótimo, mas o resto da economia paga taxa maior", ressaltou.

Berriel ainda questionou a efetividade dos investimentos que obtêm essa taxa subsidiada. "Estamos subsidiando empresa cujo investimento dá retorno para a economia ou setor que acessaria crédito normalmente?", questionou durante audiência pública que discute a Medida Provisória (MP) 777, que cria a nova Taxa de Longo Prazo (TLP), mais aderente ao custo de captação do Tesouro.

"Só vemos investimentos ineficientes nos setores que estão sendo subsidiados", disse o diretor. Segundo Berriel, não à toa o País tem assistido a um processo lento de "digestão" dos maus investimentos realizados com os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Entenda. Nos quatro primeiros meses deste ano, o governo já teve um custo de R$ 5,97 bilhões por conta da diferença entre o custo que o Tesouro Nacional paga ao mercado para se financiar, que é a Selic (hoje em 10,25% ao ano), e a taxa que a União cobra nos empréstimos ao BNDES, que é a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), em 7% ao ano (o chamado subsídio implícito). Mas no passado recente, com um diferencial de juros ainda maior, essa conta chegou a mais de R$ 20 bilhões em 2014.

A TLP vai refletir mais de perto o custo de captação do Tesouro, eliminando o subsídio implícito ao longo de cinco anos. Isso porque o cálculo da taxa é vinculado NTN-B, título público atrelado à inflação. A ideia do governo é que a nova Taxa de Longo Prazo possa variar mês a mês, mas não mude uma vez fixada em determinado contrato de financiamento. Ela será aplicada em contratos assinados a partir do início de 2018, segundo a proposta do governo.

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Outra vantagem da criação da TLP é que o BNDES poderá securitizar sua carteira, apontou Berriel. Isso significa vender os direitos de recebimento daquele crédito. "Isso vai permitir o fomento do mercado secundário e, assim, do setor privado", avaliou.