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Novo Plano Safra ficará abaixo da meta

Financiamentos não devem atingir a promessa de R$ 187 bi; estímulo a LCAs não surte efeito esperado, de R$ 30 bi

Por Victor Martins
Atualização:

BRASÍLIA - A promessa do governo de ter um Plano Safra com R$ 187 bilhões não deve se realizar. Ao invés de um avanço frente ao ciclo anterior, o cenário aponta para estabilidade, com uma execução próxima da vista na última safra, de R$ 156 bilhões. A esperança do Ministério da Agricultura e do Palácio do Planalto para incrementar o plano estava nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que tiveram regras alteradas para estimular as operações, mas não prosperaram como o esperado.

“Nosso ponto de preocupação são os recursos livres. Nós estimamos R$ 30 bilhões de LCA quando lançamos o plano safra e até agora foram R$ 1,1 bilhão. Não vamos atingir essa expectativa”, disse o secretário de Política Agrícola e ministro interino da Agricultura, André Nassar, durante apresentação dos dados de crédito, nesta quinta-feira, 14. “No fim da safra não vamos executar os R$ 187 bilhões estimados no lançamento da safra. Nos bancos privados, as LCAs ainda não decolaram”, avaliou.

Estímulo esperado com a LCA, um recurso do mercado financeiro, não veio Foto: nicetoenv/ Creative Commons

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Os bancos públicos são os que mais têm emprestado crédito rural com as LCA como fonte. Como antecipado pelo Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado, de julho a dezembro de 2015, a primeira metade da safra 2015/2016, as contratações de crédito rural que tinham essas letras como fonte de recursos cresceram pouco mais de 23 vezes, passando de R$ 60 milhões em igual período de 2014 para R$ 1,406 bilhão, com valor médio de R$ 421,5 mil por operação. Apesar desse avanço, a expectativa do governo, de atingir R$ 30 bilhões, se frustrou.

Segundo Nassar, é cedo para anunciar “qualquer coisa relacionada a LCA e crédito livre para a próxima safra”. “Operar com a exigibilidade das LCAs é algo que os bancos ainda estão aprendendo. Queremos que os bancos sejam mais agressivos no uso de LCA”, afirmou. O executivo ainda ponderou que essa é uma safra com rentabilidade menor, mesmo com câmbio melhor, e garantiu que o governo sempre vai perseguir crescimento do Plano Safra, sobretudo em juros controlados. “O importante para próxima safra é fazer decolar LCA”, disse.

O desempenho do crédito rural na safra 2015/2016 chegou a dezembro com 41% do total disponível aplicado. No mesmo período do ciclo passado, esse desembolso estava em 49%. Em volume financeiro, no entanto, há um pequeno avanço: passou de R$ 76,304 bilhões para R$ 76,491 bilhões. Os números, no entanto, excluem os desembolsos feitos para os pequenos produtores. Quando os agricultores de menor porte são incluídos, há uma queda de 2% nos recursos liberados.

Nassar relatou que as linhas de custeio, sem os pequenos produtores, acumularam desembolsos de R$ 51,3 bilhões de julho a dezembro de 2015, ante R$ 42,5 bilhões em 2014. Para comercialização, ficou em R$ 12,2 bilhões contra R$ 12,4 bilhões no período anterior; os investimentos recuaram de R$ 21,4 bilhões para R$ 13 bilhões. Apesar de no volume global do crédito rural ter sido registrado um pequeno avanço na liberação de recursos, em números de operações ou contratos houve um recuo de 18,09%.

O secretário ainda traçou um cenário otimista para a safra. “Depois de uma supersafra que foi a passada, teremos a 2015/2016 crescente”, ponderou. “Em um ano em que tem redução de investimento e crescimento de custeio menor, termos uma boa safra”, observou. Segundo ele, os dados mostram que o ministério acertou ao priorizar o custeio nas negociações com o governo que levaram ao lançamento do Plano Safra 2015/2016. Na visão dele, esse maior foco no crédito de custeio levou a uma “supersafra”. “A agricultura não perdeu a confiança ainda, segue confiante”, disse.

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