O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou de 12,75% para 13,25% ao ano a taxa básica de juros, como previa a maioria dos especialistas. Faz o que pode para conter as expectativas inflacionárias, ainda elevadas. A alta do juro reflete o custo da política fiscal frouxa de 2014, pois, antes de derrubar a inflação, o juro inibe o consumo, a produção e o investimento. O comunicado do Banco Central é conciso e claro: a decisão de elevar o juro foi tomada por unanimidade, "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação" e "sem viés". Fica em aberto, assim, a hipótese de novo aumento na reunião do Copom marcada para junho. Por ora, os analistas estão divididos, pois, se a inflação medida em 12 meses continuar alta, o aprofundamento da estagnação econômica poderá ser levado em conta. A escalada do juro básico começou há dois anos. Em abril de 2013, o juro foi elevado de 7,25% ao ano para 7,5% ao ano e voltou à casa dos dois dígitos em novembro de 2013. A taxa em vigor de 13,25% ao ano é a mais alta desde o último quadrimestre de 2008, quando alcançou 13,75% ao ano. Ao elevar o juro básico em 1,5 ponto porcentual neste ano, numa conjuntura recessiva, o Banco Central parece nem se lembrar da época em que baixou com açodamento a taxa básica, de 12,5% ao ano para 7,25% ao ano, entre meados de 2011 e o início de 2013, numa tentativa inconsistente de estimular a economia. As implicações da alta do juro são amplas. O crédito, cuja evolução é lenta, tende a continuar estagnado, restringindo a demanda de famílias e de empresas. Mercados de risco são afetados, notadamente ações e imóveis - neste caso, os aplicadores tendem a dar preferência à renda fixa e aos fundos DI, em detrimento dos depósitos de poupança, de onde saem os recursos para financiar a aquisição de moradias. Juros mais altos têm impacto sobre a dívida pública e, portanto, sobre a situação fiscal que a Fazenda se empenha em fortalecer. Mas hoje essa preocupação não pode ser dominante, pois o objetivo é mudar as expectativas quanto à inflação. É para 2016, portanto, que se voltam os agentes econômicos. Mesmo o Banco Central só prevê uma inflação próxima de 5% ao ano no fim de 2016, ainda acima do centro da meta. A decisão do Copom deve ser vista como necessária. Só depois da melhoria sustentável da situação fiscal será possível pensar num novo período de redução do juro básico.