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O ‘bebê’ da internet que recebeu R$ 8 milhões

Como os fundadores da Baby.com.br levantaram com investidores dez vezes mais recursos que a média das startups

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Por Redação
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Em um tempo em que muita gente sonha em ter uma ideia de um milhão, dois estudantes de mestrado em administração nos Estados Unidos foram além: levantaram R$ 8,5 milhões apresentando sua proposta de negócio para fundos de investimento especializados em empresas nascentes - valor quase dez vezes maior do que o geralmente captado por uma startup do setor de internet. A ideia em questão é o baby.com.br, site de comércio eletrônico especializado em produtos para bebê que entrou no ar há duas semanas.

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Os primos Kimball Thomas, 32 anos, e Davis Smith, 33, conceberam o baby.com.br enquanto cursavam seus MBAs nas universidades de Harvard e Wharton, respectivamente. Em vez de estagiar por três meses em empresas de grande porte, como faz a maior parte dos estudantes, eles usaram o período de experiência prática do mestrado para analisar o potencial do mercado de produtos para bebê no Brasil.

Após o tempo de imersão, surgiu a proposta de criar uma plataforma de comércio eletrônico que reuniria marcas conhecidas nacionalmente com produtos americanos que ainda não conseguiram conquistar mercado no País. "No fim de 2010, começamos a mostrar a ideia para investidores. Conseguimos dez diferentes parceiros", diz Thomas.

Entre os investidores que apostaram na ideia estão o fundo americano Tiger Global, dono de 50% do site de calçados Netshoes, e Ron Conway, investidor-anjo que apostou na fase inicial do Google e do PayPal. No fim das contas, diz Smith, o baby.com.br chegou a selecionar parceiros. "Chegamos à conclusão de que era preciso ter um investidor local, porque não conhecíamos o mercado na prática."

Embora tivesse propostas de outros fundos internacionais, a dupla optou por fechar um acordo com o brasileiro Monashees Capital, que hoje tem R$ 60 milhões investidos em 18 empresas nascentes. O Monashees não revela quanto aplicou no projeto, mas o Estado apurou que se trata do maior investimento individual da empresa.

Há três meses vivendo no Brasil com a família, os executivos tiveram de adiar o lançamento do site, inicialmente previsto para setembro, por conta da morosidade na liberação de licenças. Uma autorização para a venda de produtos alimentícios, como papinhas, ainda está pendente.

Motivação. Tanto interesse em torno da ideia dos americanos tem razão de ser: além do crescimento do poder de compra da população nos últimos anos, o mercado de comércio eletrônico cresce entre 30% e 40% ao ano no Brasil, segundo a consultoria especializada ebit. Além disso, muitas mães, especialmente as de poder aquisitivo mais alto, vinham viajando a Miami para comprar o enxoval de seus bebês pela metade do preço que pagariam no Brasil.

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As principais propostas do novo negócio são variedade de oferta e inovação em serviços. Para atrair clientes, Davis e Thomas apostam em regras claras: em São Paulo, por exemplo, o frete será grátis para qualquer compra acima de R$ 75, com entrega em 24 horas para pedidos feitos até as 17h. Outra meta é resolver rapidamente os problemas de entrega ou defeitos em mercadorias. "Devolveremos o dinheiro em caso de defeito ou dificuldades. E pediremos desculpas por não atendê-lo a contento da primeira vez", promete Thomas.

O mais impressionante da ideia de R$ 8,5 milhões dos empresários americanos é o fato de a proposta do baby.com.br não ser, na verdade, original. No jargão das startups de tecnologia, o site é, na realidade, um "copycat" - termo usado para negócios que adaptam projetos consagrados em outros países. No caso, a inspiração de Davis e Thomas foi o diapers.com, site americano que fez tanto sucesso que acabou incorporado pela gigante da internet Amazon. Por nada menos que US$ 540 milhões.

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