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O comércio não ajuda o balanço de pagamentos

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Por Redação
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O superávit comercial de US$ 712 milhões, em maio, superou levemente as projeções dos analistas, mas ofereceu uma contribuição pequena para a conta corrente do Brasil com o exterior, deficitária em US$ 81,6 bilhões em 12 meses, até abril, e que depende da melhora das exportações para que o desequilíbrio cambial de 2014 não supere o de 2013, de US$ 81,4 bilhões. Salvo forte reação da economia global, é otimista a expectativa dos agentes econômicos de um superávit comercial da ordem de US$ 2,5 bilhões, neste ano, como registrou a pesquisa Focus da última sexta-feira.Um dos maus indicadores da balança comercial, no mês passado, foi o recuo de 4,9% na média diária de exportações, na comparação com maio de 2013, de US$ 1,039 bilhão para US$ 988,2 milhões. O porcentual superou o da queda, pelo mesmo critério de comparação, das exportações entre os primeiros cinco meses de 2013 e 2014 (-2,5%). Até agora, em 2014, houve um déficit comercial de US$ 4,8 bilhões.Os resultados da balança comercial só não foram piores por causa das importações, com média diária de US$ 954,3 milhões. Mas nada há a comemorar: o resultado tem como principal explicação a desaceleração econômica brasileira, que reduz a demanda não só de bens produzidos internamente, mas no exterior.A balança comercial também foi ajudada pela contabilização das importações de petróleo e derivados. Nos primeiros cinco meses de 2013, o Brasil importou US$ 11 bilhões nesses itens, montante que agora declinou para US$ 7,6 bilhões. A diferença de US$ 3,4 bilhões ajudou a melhorar a comparação entre os períodos janeiro/maio dos dois anos.Para recuperar o superávit, o País depende das commodities, cujas exportações caíram apenas 1% entre maio de 2013 e maio de 2014, enquanto a de semimanufaturados caiu 11,1% e a de manufaturados, 9,7%. Em itens básicos, houve queda nas vendas de fumo em folhas, minério de ferro e carne de frango. A melhora da balança exige maior competitividade das exportações, afetadas pelo custo Brasil. Ou seja, pela infraestrutura deficiente de ferrovias, rodovias e portos, além de tributos e juros elevados, mão de obra onerosa e peso da burocracia, entre outros fatores. Esses custos prejudicam mais as exportações do que a valorização do real, nas últimas semanas, à qual se atribuiu a origem do comportamento ruim do comércio exterior.

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