A situação é ruim para o consumidor e para os lojistas. Em valores reais, a receita de vendas do varejo paulista deverá cair de R$ 571,2 bilhões, em 2014, para R$ 530,7 bilhões, neste ano, e para R$ 504 bilhões, em 2016. A queda deverá atingir as 16 regiões pesquisadas pela FecomercioSP, sendo mais intensas em Campinas e Osasco e menos expressivas em Marília e no litoral. Neste caso, as férias poderão ajudar as vendas do varejo, com o aumento do fluxo de turismo, inclusive de países vizinhos, pois a desvalorização do real favorece os visitantes.
A queda do varejo foi menos intensa em novembro, devido às promoções para o black friday (sexta-feira, 27/11), mas ainda assim houve queda das vendas de 0,3%, segundo a Serasa Experian. A queda foi ainda mais forte nos segmentos de veículos e de materiais de construção.
A expectativa é ruim. Não só os consumidores, mas os bancos e as lojas estão preocupados com a inadimplência.
Especialistas calculam que 59 milhões de consumidores acumulam dívidas com atraso de um a dois meses em montante superior a R$ 250 bilhões. A maioria pretende renegociar os débitos ou sair do vermelho, segundo a Associação Nacional de Birôs de Crédito (ANBC), constituída há poucas semanas pela Serasa e pela SPC Brasil.
A Boa Vista SCPC calcula que serão emitidos 14 milhões de cheques sem fundos neste ano, elevando-se a proporção em relação ao número total de cheques de 1,99%, em 2014, para 2,3%, em 2015. A iliquidez não afeta apenas as famílias: segundo a Boa Vista, os pedidos de falência de empresas subiram 17,8% entre os primeiros 11 meses de 2014 e de 2015 e as falências decretadas, 17,4%. Em novembro houve alta de 34%.
No sistema bancário, a inadimplência superior a 90 dias das pessoas físicas era de 5,8% em outubro, ante 5,2% no início do ano – e se deve, em grande parte, às operações com cartão de crédito e cheque especial. A saída é a renegociação, ainda que custosa.