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O déficit em conta-corrente persiste em nível elevado

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Por Redação
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O ingresso de mais de US$ 8 bilhões de recursos externos para aplicação em títulos de renda fixa foi determinante para que o balanço de pagamentos apresentasse resultado global menos desfavorável em janeiro, com um pequeno superávit de US$ 562 milhões, enquanto o déficit na conta-corrente foi de US$ 10,6 bilhões, quase US$ 1 bilhão menor que o de janeiro de 2014. No acumulado em 12 meses, o déficit cedeu ligeiramente, de US$ 91,2 bilhões para US$ 90,4 bilhões, mas o montante continua muito elevado.O impacto da estagnação econômica nas contas externas é expressivo: o déficit comercial caiu de US$ 4 bilhões em janeiro de 2014 para US$ 3,1 bilhões no mês passado, mas a corrente de comércio (soma de exportações e importações) diminuiu US$ 5,5 bilhões. Ou seja, só importações menores atenuaram o desequilíbrio corrente, sem que tivesse havido alta de exportações.Se o conjunto das contas externas mudou pouco entre dezembro e janeiro, alguns pontos merecem destaque. Por exemplo, o investimento estrangeiro direto (IDE), de US$ 3,96 bilhões, superou as expectativas, atingindo US$ 61,3 bilhões em 12 meses até janeiro, ou 2,83% do PIB. Mas seria preciso um IDE maior em US$ 29 bilhões por ano para financiar o desequilíbrio na conta-corrente, de 4,17% do PIB. Até 2012 o IDE cobriu totalmente o déficit corrente.Entre os sinais de confiança na política econômica estão a taxa de rolagem da dívida privada, de 113% em janeiro, e a entrada de recursos para a renda fixa depois da forte saída de US$ 8,4 bilhões em dezembro, bem como o ingresso de US$ 1,7 bilhão para compra de ações.Já as viagens internacionais, que servem de parâmetro para avaliar a conta turismo, registraram um aumento do déficit, de US$ 1,47 bilhão em janeiro de 2014 para US$ 1,65 bilhão no mês passado. A desvalorização do real não bastou para desestimular os brasileiros em férias.As perspectivas para 2015 são de uma ligeira melhora do balanço de pagamentos: o Banco Central estima que o déficit em transações correntes cairá para US$ 83,5 bilhões, ou 3,79% do PIB, enquanto analistas privados avaliam que ficará mais próximo de 4% do PIB.Ao favorecer as exportações, a desvalorização do real ajudará as contas cambiais. Mas será preciso mais para que se possa falar em melhora significativa - e o rebaixamento da Petrobrás pela Moody's é sinal de novas dificuldades.

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