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O duplo significado da captação das cadernetas

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Por Redação
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A captação líquida da caderneta de poupança em 2013 chegou ao recorde de R$ 54,3 bilhões, no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia a habitação, e mais R$ 16,7 bilhões na poupança rural do Banco do Brasil (BB). Cabe notar que esse valor da captação não deve ser analisado isoladamente, mas comparado à dos demais ativos financeiros, pois tem que ver com os resultados das diversas aplicações e com o comportamento dos investidores.No mês passado, os depósitos de poupança registraram a maior captação desde a adoção do real (R$ 11,2 bilhões). Em 12 meses, os recursos disponíveis para aplicar em financiamentos imobiliários aumentaram de R$ 388,6 bilhões, em dezembro de 2012, para R$ 466,8 bilhões, em dezembro de 2013. Somando os valores depositados no BB (não destinados à casa própria), o saldo total da poupança atingiu R$ 598 bilhões.Os depósitos em contas de poupança no SBPE propiciam o financiamento da habitação a custo inferior à média dos financiamentos bancários, salvo exceções, como as linhas do FGTS, emprestadas pela CEF, ou do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), concedidas pelo BNDES.O vigor dos depósitos de poupança parece assegurar que não faltarão recursos para financiar a habitação pelo menos até 2015.Remunerando os depositantes com 6,37% ao ano, no caso das cadernetas velhas, abertas até 3/5/2012, e 5,81% ao ano, nas contas abertas posteriormente, as cadernetas mostraram-se competitivas. Cabe indagar por que, num cenário de elevação das taxas básicas de juros, os bancos não ofereceram aplicações mais bem remuneradas para a massa de depositantes. Nos clientes parece predominar a segurança das cadernetas.Em junho de 2013, havia mais de 10 mil aplicadores em cadernetas com saldo na conta de poupança igual ou superior a R$ 1 milhão, segundo reportagem de O Globo, domingo. Uma aplicação desse volume poderia obter melhor remuneração em outros papéis, como CDBs, fundos de renda fixa e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).A captação líquida do conjunto de fundos, cujo patrimônio líquido de R$ 2,4 trilhões é seis vezes superior ao dos saldos aplicados na poupança do SBPE e do BB, foi de apenas R$ 59,7 bilhões em 2013, segundo a Anbima. É apenas 5% mais que o captado pelas cadernetas em termos líquidos. A explicação mais provável está nas altas taxas de administração ou na rentabilidade insatisfatória de títulos públicos de longo prazo que estão em carteiras de fundos.

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