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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O emprego fraqueja

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Ontem saíram mais três dados sobre o desempenho da economia. Dois deles continuaram apontando fraqueza. O terceiro ficou perto do desastre.Os dados fracos vieram do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) e da Pesquisa Mensal de Serviços. O quase desastre apareceu no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).O IBC-Br foi montado pelo Banco Central em 2010 para antecipar o comportamento do PIB, que só é divulgado trimestralmente, quatro meses depois de fechado o trimestre. E o que o IBC-Br mostrou ontem a respeito do que ocorreu em maio foi até um pouco melhor do que se esperava: queda de 0,18% em relação à situação de abril (veja o gráfico). Mesmo mais atenuados, os números de maio podem não refletir corretamente o que passou a acontecer, porque outras informações sobre o comportamento da produção mostraram problemas mais graves em junho, que se repetem nas primeiras semanas de julho.O setor de serviços, que vinha bombando há alguns meses, também mostrou perda de vitalidade. Os dados do IBGE apontaram avanço nominal de 6,6% em maio de 2014, quando comparado com maio de 2013. Como a inflação do período ficou em 6,3%, fica claro que, em termos reais, o faturamento do setor de serviços está enfrentando uma fase próxima da paradeira, de acordo com o que já vem ocorrendo na indústria.Os dados lastimáveis vieram com a criação de empregos formais (com carteira de trabalho assinada). Em junho, só foram criadas 25,4 mil vagas, o pior mês de junho desde 1998 (veja o Confira). Ainda ontem, a Fiesp apontou novos dados coerentes com esse: queda de 0,64% no nível de emprego na indústria paulista também em junho, em comparação com o mês de maio. É o pior mês de junho desde 2006.Até agora, a única área macroeconômica que vinha mostrando força era o mercado de trabalho. Mês após mês, o IBGE indicava redução no nível de desocupação e as avaliações mostravam situação de pleno-emprego. No entanto, os dados do Caged mostraram ontem que até o mercado de trabalho começa a fraquejar, mesmo num mês de Copa do Mundo, quando se imaginava que tivessem sido criados muitos empregos, ainda que temporários. O ministro do Trabalho, Manoel Dias, já não alardeia que a economia vai criar 1,5 milhão de empregos neste ano. Contenta-se se for 1 milhão. Para que essa meta se cumpra, será preciso que nos seis meses seguintes se criem 69 mil vagas mensais, o que parece difícil. O ministro Dias não consegue esconder que junho é o terceiro mês seguido de desaquecimento e que julho e agosto não prometem retomada sustentável.Toda essa salada de estatísticas não teria grandes consequências não fosse este o início de um quentíssimo momento político, o da campanha eleitoral. E não há nenhuma indicação de que o governo saiba como enfrentar essa situação inegavelmente adversa para seus objetivos.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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