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O equilíbrio instável do mercado de petróleo

Com superoferta nas últimas semanas e estoques elevados, voltaram a cair as cotações do petróleo do tipo Brent (abaixo de US$ 58 o barril) e do tipo WTI (perto de US$ 52 o barril). O Brent chegou ao pico de US$ 114 o barril em meados de 2014, caindo ao mínimo de US$ 47 em janeiro. Mesmo se recuperando até maio, as cotações pouco superaram a metade do máximo de 2014.

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Por Redação
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Nos últimos dias, os recordes de oferta do maior produtor, a Arábia Saudita – da ordem de 10,3 milhões de barris/dia (b/d) –, empurraram os preços para baixo e fizeram a alegria dos consumidores, a começar pelos americanos, lembra, em editorial de 10/7, o Relatório do Mercado de Petróleo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A volta do Irã ao mercado, após o acordo nuclear, poderá elevar mais a oferta.

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Em junho, a produção mundial de petróleo foi de 96,6 milhões de b/d, crescimento anual “impressionante” de 3,1 milhões b/d. Mas, se a queda das cotações não parece afetar a disposição da Arábia Saudita de manter sua alta produção (nem do Iraque, que elevou a oferta de 3,75 milhões de b/d, em abril, para 4,12 milhões de b/d, em junho), outros produtores já reduzem investimentos – e o resultado poderá ser um mercado menos folgado em 2016.

Para compensar a exaustão de poços antigos, as petroleiras têm de investir pesadamente, pois precisam alcançar a produção adicional de 5 milhões de barris a cada ano. Mas empresas como Shell, Chevron e a colombiana Ecopetrol já reduzem investimentos na Nigéria, na Noruega, no Canadá e na Colômbia. A Petrobrás também cortou o orçamento e a meta de produção para 2020.

Nesta década, o mercado de petróleo foi muito influenciado pela extração de gás de folhelho (shale gas) nos Estados Unidos. Foi uma das causas da derrocada das cotações do óleo bruto.

Enquanto o ritmo da economia mundial continuar morno (o FMI acaba de reduzir a expectativa de crescimento do PIB de 3,5% para 3,3% neste ano), é mais provável que o mercado global de petróleo continue oferecido. Mas, se as cotações permanecerem por bem mais tempo nos patamares atuais, será reduzido o estímulo aos investimentos em exploração e produção.

O relatório da IEA menciona a expectativa de um aumento lento da oferta, em 2016, pelos países que não pertencem à Opec, o que poderá tornar o mercado um tanto mais apertado do que hoje.

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