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'O ideal é garantir renda ao produtor'

Para o agricultor Mylton Casaroli, governo deve subsidiar seguro contra o risco de prejuízo

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Por Redação
Atualização:
Com a geada, Casaroli perdeu 35% da laranja Foto: Roberto Custódio/Estadão

A geada que atingiu a região de Londrina (PR) no ano passado foi fatal para a lavoura de trigo do produtor Mylton Casaroli. Apesar de ter 100% da área produtiva segurada, não foi suficiente para evitar prejuízos. Ele conta que a estimativa era colher 4 toneladas por hectare, mas com a geada conseguiu colher apenas 500 quilos/ hectare. Com o seguro contratado, o produtor acionou o sinistro e deveria estar mais tranquilo. Mas não foi bem assim.

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"O problema é que a seguradora faz uma média da produtividade do município. Aqui, a média é de 1,5 tonelada de trigo por hectare. Como colhi 500 quilos, a seguradora pagou apenas a diferença. Mas meu investimento foi para produzir 4 toneladas, muito acima da média."

Além da lavoura de 250 hectares de grãos - soja, milho e trigo - Casaroli também cultiva laranjas, em um pomar de 50 hectares. E com a fruta a situação com o seguro é pior. "Não consigo fazer seguro para o pomar, porque não há subvenção." O programa de subvenção do governo prevê seguro para apenas algumas poucas variedades, como uva, maçã, ameixa e caqui. "A geada do ano passado também prejudicou a laranja. Tive perda de cerca de 35%. Sem seguro, arquei com o prejuízo."

Para Mylton Casaroli, a política para o seguro rural ainda está engatinhando no Brasil. "Nem o governo, nem as seguradoras, nem as associações e entidades de classe têm estatísticas específicas para o seguro. Isso dificulta muito."

A falta de um banco de dados consistente é uma das principais reclamações do setor quando o assunto é seguro rural. As seguradoras utilizam dados médios do município, estimados pelo IBGE, para calcular a produtividade a ser segurada. Com isso, produtores como Casaroli, mais tecnificados, são desestimulados a contratar o seguro, pois o prêmio não compensa o risco.

O produtor sugere que o governo incentive e ofereça mais subsídios para o seguro de renda, o que protegeria melhor os produtores. "O seguro climático é importante, mas seria mais interessante o seguro de renda, que cobre o prejuízo. Mas essa modalidade ainda é muita cara e não tem subsídios", diz o produtor, sugerindo que outra alternativa seria a integração maior entre as três esferas do Poder Público (federal, estadual e municipal) para oferecer um porcentual maior de subsídios.

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N.S., ESPECIAL PARA O ESTADO

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