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O que a queda da taxa de desemprego não mostra

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Por Redação
Atualização:

Os resultados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE continuam a sugerir uma situação muito confortável no mercado de trabalho. Os mais recentes registram uma taxa de desemprego de 4,7% em outubro nas seis principais regiões metropolitanas do País. É um resultado menor do que o de setembro (taxa de 4,9%) e o menor para o mês de outubro desde 2002. Em São Paulo, a taxa de desemprego recuou de 4,5%, em setembro - um resultado já bastante expressivo -, para 4,4%, em outubro.Esses números não parecem justificar o crescente desânimo das famílias e dos consumidores em geral, captado em outras pesquisas. Examinados com um pouco mais de cuidado, porém, eles podem levar a conclusões diferentes daquela induzida pela constante queda do desemprego nos últimos meses.Observe-se, em primeiro lugar, que a pesquisa tem alcance geográfico limitado, pois se refere a seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre). Pesquisa que o próprio IBGE começou a divulgar recentemente - a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua -, com abrangência bem mais ampla (cerca de 3,5 mil municípios), dá um retrato mais preciso e confiável da situação do emprego no País. E seu resultado é bem menos animador do que o da PME: o desemprego médio no segundo trimestre deste ano foi de 6,8%.Além disso, por questões metodológicas, os resultados da PME são mais suscetíveis à variação da População Economicamente Ativa (PEA). Sobretudo nos momentos em que, por algum motivo, pessoas sem ocupação regular deixam de procurar emprego por um determinado período, reduzindo a PEA, e pode ocorrer a redução da taxa de desemprego mesmo sem alteração no número de pessoas empregadas.Acrescente-se, ainda, o fato de que, mesmo que a taxa de desemprego tenha permanecido estável ou até diminuído, a qualidade do emprego está caindo. Embora tenha contratado liquidamente 26 mil trabalhadores entre setembro e outubro, a indústria cortou 123 mil vagas nos dez primeiros meses de 2014. É no setor fabril que se concentram os empregos que exigem maior qualificação do trabalhador e tendem a oferecer remuneração mais alta. Esses empregos estão sendo sacrificados.Os bons resultados da PME - com as ressalvas necessárias - vêm sendo assegurados sobretudo pela construção, pelo comércio e por serviços prestados às empresas.

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