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O que explica a alta dos preços dos alimentos

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Por Redação
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A seca não só prejudica o fornecimento de água nos grandes centros e afeta a capacidade de geração das grandes usinas hidrelétricas, como tem forte efeito sobre o preço dos alimentos. Após a alta de 2,8% em janeiro, os preços dos alimentos in natura aumentaram 4,27% em fevereiro, acumulando 7,2% no primeiro bimestre, segundo a Ceagesp.A alta, segundo especialistas, tem pouco que ver com a greve de caminhoneiros, pois mais de 50% dos produtos comercializados na Ceagesp são produzidos no Estado de São Paulo, onde a greve não prosperou. O problema é a oferta de produtos perecíveis, agravado pelo aumento do diesel e dos fretes.Legumes como vagem e ervilha-torta e tomate subiram de 50% a 70%, o mesmo ocorrendo com alface, acelga e agrião. Remarcações no atacado chegam a feiras e supermercados e atingem o consumidor final.Teme-se que produtores não sejam motivados a plantar, dada a falta de água para irrigação. O consumidor pode evitar a compra de alguns produtos ou reduzir a quantidade adquirida. A alta de alimentos in natura coincide com a de básicos como feijão, café e óleo de soja.Dados do Dieese mostram que em 14 das 18 capitais pesquisadas a cesta básica de alimentos teve altas substanciais. Em Brasília, a campeã dos aumentos, a cesta básica subiu 20,48% em 12 meses; em Salvador, 18,60%; em Goiânia, 18,28%; e em Aracaju, 17,33%. A alta em São Paulo foi de 16,45% - e a cesta básica atingiu o valor de R$ 378,86, ou 48,07% do salário mínimo.Os dados comprovam que os gastos com alimentos absorvem parcela maior do salário, sobrando menos para outras compras e afetando as vendas do comércio.Despesas mais elevadas com alimentação, dentro e fora de casa, pressionam a renda e as reivindicações salariais, embora o poder de barganha dos trabalhadores tenha caído com o aumento do desemprego, particularmente na indústria.A alta dos alimentos básicos afasta ainda mais a inflação das metas, justamente quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chega a 7,7% em 12 meses, estourando o teto da meta. No cálculo do IPCA, o item Alimentos e Bebidas é o que mais pesa (23,12%). E, como nota o IBGE, além de fevereiro ser um mês tradicionalmente afetado por reajustes de matrículas e compra de material escolar, ainda não foram absorvidas as pressões que vêm do aumento de preços de combustíveis e de energia elétrica.

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