As empresas de avaliação de risco de crédito, de sua parte, advertem que aumentou significativamente o risco dos empréstimos para empresas brasileiras. Criou-se um círculo em que o maior risco de inadimplência das empresas, ao reduzir a oferta ou elevar o custo dos financiamentos, tende a agravar os problemas das companhias em dificuldades temporárias, o que acaba por realimentar o temor de inadimplência.
O Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, por exemplo, registrou, neste ano, o maior número de recuperações judiciais pedidas desde o primeiro semestre de 2006, já em plena vigência da Nova Lei de Falências (de junho de 2005). O total de 492 pedidos de recuperação judicial feitos no período janeiro-junho deste ano é 18,8% superior ao do primeiro semestre do ano passado. Nessa comparação, o número de falências decretadas aumentou 23,1% e o de falências requeridas, 0,8%. Já o de recuperações judiciais deferidas cresceu 25,2%.
Embora com números diferentes, por utilizar outros métodos de cálculo, o levantamento sobre as dificuldades financeiras das empresas feito pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) também mostra uma clara deterioração do cenário. Por esse levantamento, o número de pedidos de falência no primeiro semestre de 2015 cresceu 9,2% em relação aos primeiros seis meses do ano passado; o de falências decretadas aumentou 31,9%; o de pedidos de recuperação judicial, 17,2%; e o de recuperação judicial deferidas, 12,5%.
As duas instituições atribuem a piora à recessão, à alta dos juros e às restrições ao crédito. Como não há sinais de mudanças nesses fatores, a Boa Vista SCPC prevê que os indicadores de insolvência continuarão ruins até o fim do ano. É uma situação que justifica a avaliação da Standard & Poor’s de que o fluxo de caixa em vários setores é menor em 2015 do que em 2014 e a dívida de curto prazo deve aumentar em alguns deles.