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‘O risco de uma saída dos gregos não pode ser descartado’

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Por Redação
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PARIS - Diretora do Centro de Estudos Prospectivos e de Informações Internacionais, de Paris, Agnès Bénassy-Quéré afirma que o risco de uma “Grexit” - a saída da Grécia da zona do euro, ou mesmo da União Europeia, não pode ser descartado. Para a professora da Universidade Panthéon-Sorbonne e professora associada à Paris School of Economics, o acordo firmado entre a UE e a Grécia é muito duro, mas não muito diferente do que estava na mesa de negociações. O risco de uma “Grexit” pode ser afastado depois do acordo de desta segunda-feira? É muito difícil dizer. Espero realmente que sim, mas a verdade é que não sabemos. É do interesse de todo mundo que tenha sido afastado. Mas o risco não pode ser descartado porque ainda há muito a fazer nos próximos dias e semanas. Os parlamentos nacionais vão votar em favor desse programa de ajuda à Grécia? Na Alemanha, a votação acontecerá? Em Atenas, o governo de Alexis Tsipras vai resistir ou terá de partir para uma coalizão mais ampla? Ainda não temos essas primeiras respostas.Logo não se pode afirmar que a crise da Grécia esteja de fato superada, é isso? Exato. Também não posso responder a essa questão. O que é certo é que a situação era extremamente crítica nos últimos dias. O programa proposto pela parte grega não era considerado crível pela União Europeia, o que era muito grave. O que podemos dizer é que o fundo de € 50 bilhões em privatizações é uma forma de assegurar o empréstimo de € 80 bilhões que deverá ser realizado. É uma forma de garantia colateral muito comum nos mercados financeiros, uma espécie de um seguro que se faz. Isso é uma garantia de que tudo pode avançar. Mas também nesse aspecto há muitas questões: chegar aos € 50 bilhões será muito difícil. Quais serão as empresas a serem privatizadas? Quem vai decidir politicamente? Privatizar ou internacionalizar o sistema financeiro é uma das possibilidades evocadas para chegar aos € 50 bilhões.  Na realidade privatizar os bancos gregos seria a melhor coisa que poderia acontecer ao sistema financeiro do país. Mas essa medida será mesmo aceitável pela parte grega? Vimos que eles recusaram no plebiscito um plano de austeridade que nem sequer continha essa proposta. Agora passou a ser aceitável. Difícil analisar. O acordo firmado nesta segunda-feira foi criticado por seu rigor extremo. O que a senhora pensa a respeito do grau de exigência? O plano é muito duro, mas se parece muito ao que foi proposto pela própria Grécia, e que por sua vez se basea no proposto originalmente pelo Eurogrupo antes do plebiscito. O que diferencia o acordo assinado são as medidas urgentes que precisam ser adotadas agora pelo governo grego, uma questão de retomada da credibilidade perdida. Antes de chegar aos € 80 bilhões, será necessário que o parlamento grego vote reformas, que os parlamentos nacionais votem a aprovação do pacote e que o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM) defina as modalidades do empréstimo. O programa foi dividido em várias etapas, uma delas de urgência no valor de € 7 bilhões. Isso permitirá oferecer uma ajuda de emergência, que aliás não precisa de unanimidade do ponto de vista da União Europeia. A BCE também poderá eventualmente aumentar o teto da ajuda de urgência ao sistema financeiro. 

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