Os custos da dívida sobem com o aumento da taxa Selic e com a certeza de inflação elevada que pressiona os papéis com juros prefixados e, em menor escala, com a desvalorização do real e o câmbio mais competitivo. Mas esta é uma questão menos importante para a dívida mobiliária, pois menos de 5% (R$ 121,2 bilhões) está indexada ao dólar.
Em junho, o Tesouro emitiu cerca de R$ 42,6 bilhões em títulos prefixados, quase 2/3 das emissões totais do mês, cabendo R$ 12,9 bilhões aos papéis corrigidos pela inflação e R$ 10,9 bilhões aos que acompanham a taxa Selic. O total das emissões, portanto, atingiu R$ 66,5 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões atenderam aos resgates e R$ 25 bilhões corresponderam à apropriação de juros.
Mas a dívida mobiliária não engloba todo o endividamento da União, que nos cálculos oficiais (que excluem operações compromissadas do Banco Central) chega a 62,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A taxa implícita de juros necessária para carregar a dívida líquida é calculada em 24,8% ao ano, “o maior nível da história e quase o dobro da taxa Selic”, segundo o boletim Macro Ibre de julho, editado pela Fundação Getúlio Vargas.
A colocação de dívida mobiliária se submete ao julgamento de mercado. O alto patamar de venda dos papéis prefixados, os preferidos pelo Tesouro, mostra que os aplicadores acreditam numa baixa da inflação, se não neste ano, no próximo, o que tende a favorecer esses títulos.
As operações do Tesouro Direto estão crescendo mais depressa do que as demais. As emissões líquidas foram de R$ 976 milhões e o estoque de papéis chegou a R$ 18,3 bilhões, aumento de 6,79% entre maio e junho. Aplicadores em caderneta de poupança migram para o Tesouro Direto.
Na dívida mobiliária interna, cresceu o peso de fundos de investimento, fundos de previdência e seguradoras, mas houve uma queda dos estrangeiros, de 20,8% para 20,04% do total. Em junho, estes apenas mantiveram as carteiras.