O grupo OAS vai entrar hoje com o pedido de recuperação judicial de pelo menos cinco de suas empresas, segundo uma fonte ligada à operação. O grupo deve cerca de R$ 8 bilhões. A assessoria de imprensa convocou uma coletiva para anunciar hoje um plano de reestruturação financeira, mas não quis confirmar o pedido de recuperação. Esta será a terceira empreiteira a pedir recuperação desde que o processo da Operação Lava Jato foi desencadeado no ano passado. A primeira delas foi a Alumini Engenharia, ex-Alusa. Sem ter condições de pagar uma dívida de R$ 1 bilhão, a Alumini entrou com o pedido em janeiro. Há pouco mais de uma semana foi a vez da Galvão Engenharia, com passivo da ordem de R$ 1,6 bilhão. Entre as empresas envolvidas na Operação Lava Jato, a OAS foi uma das mais afetadas pela falta de liquidez financeira após as investigações, por causa do tamanho da sua dívida. O mercado de crédito fechou completamente para a empresa. Não só os bancos pararam de emprestar. O fundo de pensão da Caixa Econômica Federal (Funcef), por exemplo, suspendeu um aporte de R$ 200 milhões que tinha se comprometido a fazer até março no braço imobiliário do grupo. Pagamentos suspensos. A empresa também não conseguiu concluir a venda de nenhum ativo relevante para fazer caixa e conseguir reestruturar as operações. Desde o início do ano, a OAS suspendeu o pagamento de qualquer passivo para tentar manter seu caixa e por esse motivo já enfrenta uma série de processos judiciais em São Paulo e em Nova York. Os processos são promovidos por detentores de títulos que cobram cerca de R$ 1 bilhão. Boa parte destes credores acusa a empresa de desviar patrimônio. O grupo OAS promoveu algumas alterações societárias no final do ano passado, segundo explicou uma fonte próxima à empresa, em preparação ao processo de recuperação judicial. A empresa queria ter opções na hora de vender ativos e administrar seu caixa. Para os credores, esta foi uma forma de burlar o pagamento da dívida e desviar patrimônio para outras empresas do grupo. Entre os principais credores da OAS estão os detentores de títulos, os chamados bondholders, donos de quase metade da dívida do grupo.Invepar. Com a recuperação judicial, a expectativa dos investidores é de que a compra de alguns dos ativos da empresa possa ser feita sem o risco de mais tarde ser contestada por credores do grupo. Isso porque qualquer venda no âmbito da recuperação é feita com a autorização judicial. Além disso, os próprios credores aprovam antecipadamente a destinação dos recursos e o valor de venda do ativo. Mas só com o pedido formalizado será possível verificar que ativos da OAS poderão ser colocados à venda, atrelados à recuperação judicial. Um dos principais ativos da companhia, e um dos poucos com liquidez para ser vendido, é a Invepar, dona da concessão do Aeroporto de Guarulhos. A OAS é dona de 25% da Invepar. Os outros sócios da Invepar são os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), Petrobrás (Petros) e Caixa (Funcef). O ativo tem vários investidores interessados e pode valer até R$ 2,5 bilhões. Mas parte das ações da companhia chegou a ser bloqueada por ordem judicial a um grupo de fundos que detém R$ 180 milhões em debêntures. A intenção original do grupo OAS era manter a Invepar fora do processo de recuperação judicial. Este teria sido um dos motivos de ter promovido algumas reestruturações societárias, justamente as que são questionadas por alguns credores na Justiça.