O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira que pode haver uma "catástrofe" caso o Congresso americano não aprove rapidamente o pacote de estímulo à economia proposto pela Casa Branca. Em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo, Obama afirmou que a economia dos EUA corre o risco de entrar em uma "espiral negativa" que pode se transformar em uma "catástrofe" se o governo não agir. "O plano não é perfeito. Nenhum plano é. Não posso assegurar que tudo vá funcionar exatamente da maneira que esperamos. Mas eu posso dizer que nossa falha em agir vai apenas aprofundar a crise, assim como a dor de milhões de americanos", disse. Ele pressionou mais uma vez os parlamentares dos EUA a aprovarem rapidamente o pacote de resgate, que ultrapassa os US$ 800 bilhões. "Eu peço que todos os membros do Congresso ajam sem atraso nesta semana para resolverem suas diferenças e aprovarem o plano", afirmou o presidente dos EUA. Mesmo afirmando não ter "uma bola de cristal", Obama se disse "confiante" de que "se fizermos a coisa certa, poderemos começar a ver algum progresso a partir do ano que vem". Ele ainda afirmou querer criar 4 milhões de empregos com o pacote. O plano de recuperação econômica proposto por Obama já foi aprovado pela Câmara dos Representantes e pode ser votado pelo Senado ainda nesta terça-feira. Na segunda-feira, por 61 votos a 36, os senadores aprovaram o fim dos debates sobre o projeto, o que deve levar a uma votação final sobre o plano. A legislação, no entanto, ainda precisará ser rediscutida com os deputados antes de ser ratificada pelo presidente. Durante a entrevista na Casa Branca, Obama defendeu diversos pontos do pacote, afirmando que "apenas o governo federal tem os recursos necessários para fazer com que nossa economia volte à vida". Ele ainda respondeu a algumas críticas que o plano tem sofrido por parte da oposição e afirmou que suas prioridades são "colocar dinheiro no bolso das pessoas, facilitar o crédito e assegurar que a economia pare de encolher". A entrevista coletiva desta segunda-feira foi o ponto alto da campanha que Obama está fazendo para convencer os membros do Partido Republicano a apoiarem o pacote no Congresso e tentar trazer aprovação popular às suas medidas. Ainda nesta segunda-feira, Obama visitou a cidade de Elkhart, no Estado de Indiana, e fez um comício em favor do plano de resgate à economia. Nesta semana ele deve participar de eventos parecidos em outros dois Estados. Leia também na BBC Brasil: Obama lança ofensiva pública por pacote nos EUA O presidente dos Estados Unidos também respondeu a perguntas sobre a política externa americana. Mesmo se dizendo preocupado com o programa nuclear do Irã e com o apoio que o país dá a organizações como o grupo palestino Hamas e o libanês Hezbollah - considerados "terroristas" pelos EUA -, ele acenou com a possibilidade da volta do diálogo entre os dois países. "Minha expectativa é que, nos próximos meses, nós encontremos aberturas para que comecemos a nos sentar para discutir face a face, oportunidades diplomáticas que permitirão que nós mudemos a direção de nossa política (para o Irã)". Quando perguntado se ele tinha um plano de retirada das tropas americanas do Afeganistão, Obama afirmou não ter um cronograma, mas que não "permitirá que a Al-Qaeda e (Osama) Bin Laden ajam impunemente e ataquem os EUA". "Minha prioridade é que não deixemos a Al-Qaeda operar. Eles não podem se esconder na região (da fronteira com o Paquistão)". Obama ainda afirmou que os EUA e a Rússia devem trabalhar pela não-proliferação nuclear e sugeriu que sejam retomadas as negociações pela redução de seus próprios arsenais. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.