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Oi contrata gestora americana e corre para renegociar dívida com credores

Com dívida de R$ 38,5 bilhões, empresa tem pressa em reestruturar seus débitos e contratou a D.F. King para este fim; obrigações vencendo em 2016 somam R$ 13,2 bilhões

Por Mariana Sallowicz , Lucas Hirata e e Mônica Scaramuzzo
Atualização:

RIO E SÃO PAULO - A dívida líquida da companhia, um dos principais pontos de preocupação sobre a operadora, voltou a subir no período e chegou a R$ 38,15 bilhões em dezembro, aumento de 24,8% na comparação anual. Já a dívida bruta foi de R$ 54,981 bilhões, aumento de 65,1% em relação a 2014. A receita líquida no quarto trimestre ficou em R$ 6,4 bilhões, queda de 4,4% sobre igual período de 2014. No ano, atingiu R$ 26,08 bilhões, queda de 2,6% sobre 2014.

Operadora tentou fusão com a TIM, mas negociação não foi adiante Foto: FELIPE RAU|ESTADÃO

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A empresa também elevou as provisões para devedores duvidosos (PDD), que subiram 67% no quarto trimestre, ante o mesmo período de 2014, reflexo da piora do quadro macroeconômico brasileiro, que elevou a inadimplência na maioria dos setores da economia.

As demonstrações financeiras tele foram aprovadas com ressalva pela auditora KPMG. O motivo foi a não inclusão pela companhia de perdas de R$ 4,99 bilhões referentes à amortização de uma mais valia nos ativos da Telemar Participações, acionista que foi incorporada pela Oi em setembro de 2015, assim como da perda de seu valor recuperável.

Apesar do resultado negativo, as ações ordinárias da Oi fecharam com alta de 2,75%, a R$ 1,12. Operadores lembram que as ações da empresa já vinham sendo penalizadas nas últimas semanas pelo fracasso das negociações de fusão com a TIM. O fundo russo LetterOne desistiu, em fevereiro, de fazer a injeção de capital de até US$ 4 bilhões na Oi. Agora, os esforços da operadora estão na reestruturação de suas dívidas.

Em conversa com analistas, o presidente da Oi, Bayard Gontijo, não quis detalhar o processo. “A gestão trabalha com o conselho, avaliando e discutindo alternativas estratégicas e financeiras para otimizar a liquidez e o perfil da dívida.”

Até ontem, analistas e agências de classificação de riscos apontavam que o caixa da Oi seria capaz de suprir as amortizações de dívida do ano. No entanto, com a queima de caixa observada no quarto trimestre e aumento da dívida líquida, essa premissa começa a ser questionada. O Bradesco BBI apontou, em relatório, que a “Oi encerrou o ano com posição de caixa de R$ 16,8 bilhões, o que pode não ser suficiente para permitir que a companhia enfrente todos os R$ 13,2 bilhões de amortização de dívida em 2016”. O banco alertou ainda que uma reestruturação de dívida é “inevitável”.

Questionado sobre irá manter a estabilidade operacional ao mesmo tempo em que discute uma reestruturação, Bayard disse que a Oi está focada no plano de transformação do negócio.

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Ajustes. Os ajustes contábeis no quarto trimestre envolveram redução de R$ 1,58 bilhão no valor da participação de investimentos de grupos não controlados na África, incluindo a operadora Unitel, provisões para perdas com Imposto de Renda diferido de R$ 1,39 bilhão, além de redução R$ de 89 milhões no valor da participação da Oi nos investimentos controlados na África. A companhia, que vendeu no fim de 2014 seus ativos da Portugal Telecom (PT) em Portugal para a francesa Altice, também tenta vender seus ativos na África.

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