Os últimos dados do IBGE retratam bem a crise que se abateu sobre esse segmento industrial. O índice de produção do setor de bens de capital caiu para 79,2 em setembro, 23,6% abaixo do mesmo mês do ano passado, configurando o pior desempenho desde 2006. Em 2013, por exemplo, quando o setor vivia um bom momento, seu índice de produção era de 113,5.
Quanto a encomendas, a queda na carteira das indústrias foi de 24,6% em setembro na comparação com idêntico mês de 2014, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Isso se deve à queda vertical da demanda interna, resultando em capacidade ociosa nas fábricas. “Como o empresário vai investir sabendo que sua empresa tem excesso de capacidade para produzir ou o maquinário que ele tem dá e sobra para abastecer o mercado?”, pergunta Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
A saída poderia ser o mercado externo, com o incentivo proporcionado pela desvalorização do real. Mas, por enquanto, para muitas indústrias, esta é uma alternativa ainda limitada, seja pela inadequação da infraestrutura, seja pela carga tributária e outros fatores associados ao custo Brasil.
Além disso, não se pode deixar de levar em conta a concorrência acirrada no mercado internacional. Somente com ganhos de produtividade decorrentes do maior uso de tecnologia, agregando valor, será possível elevar a competitividade. E isso, afinal, depende do dinamismo do setor de bens de capital.
O grande risco, portanto, é de que a crise empurre a indústria para um círculo vicioso: não investe porque não vende no mercado interno e não vende no mercado global porque não investe em modernização.