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Pais do Real se dividem no 1º turno

Enquanto Edmar Bacha e Gustavo Franco jogam no time de Aécio, André Lara Resende se aproximou de Marina, vice de Eduardo Campos

Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Por João Villaverde e Murilo Rodrigues Alves
Atualização:

BRASÍLIA - Há 20 anos, os economistas Edmar Bacha, Pérsio Arida, André Lara Resende e Gustavo Franco estavam sentados ao redor da mesma mesa, em Brasília, acompanhando o lançamento do Plano Real. Arregimentados por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que conduziu o Ministério da Fazenda de maio de 1993 a março de 1994, os quatro economistas formularam o plano que acabaria com a hiperinflação no País. 

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Duas décadas depois, a inflação ainda é assunto, mas os quatro não estão mais sentados um ao lado do outro. Enquanto Bacha e Gustavo Franco permanecem com o PSDB, André Lara está envolvido com a campanha de Eduardo Campos e Marina Silva, ambos do PSB. 

Questionado pelo Estado sobre essa divisão, Bacha, o decano do grupo, afirmou: “Vejo com muita alegria essa divisão, desde que estejamos fortalecendo a oposição. Fato é que estaremos todos juntos de novo no segundo turno”.

A rigor, a união entre os quatro continua, do ponto de vista político, já que nenhum dos fundadores do Real está com a candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT). Mas a divisão entre candidatos é inédita, uma vez que é a primeira eleição presidencial desde 1998 com a participação intensa de pelo menos três dos quatro economistas em campanhas.

De perfil semelhante a Eduardo Giannetti da Fonseca, que enveredou pela filosofia e pela literatura, André Lara tem apontado uma preocupação crescente com a forma de desenvolvimento econômico dos países, pouco atentos a questões ambientais.

André Lara também discute a mensuração do crescimento, por meio do Produto Interno Bruto (PIB), e esse tipo de discussão o aproximou do Rede Sustentabilidade, de Marina, agora integrado ao PSB.

André Lara afirmou por e-mail que está em viagem no exterior e que não poderia comentar a reportagem.

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Mesmo barco. Já Bacha e Gustavo Franco permanecem no mesmo barco que atravessou as águas turbulentas de 1994 - o PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas o envolvimento deles com a campanha do senador e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves é completamente distinto.

Enquanto Bacha foi procurado intensamente pelo candidato tucano ainda no ano passado e no início deste ano, em busca de soluções para a crise que passa a indústria de transformação no Brasil e o problema da inflação persistentemente na faixa dos 6%, Gustavo Franco apoia o projeto tucano à distância. Ele disse ao Estado que apoia a candidatura do tucano Aécio Neves porque gostaria de ver o Brasil de volta aos “ideais que orientaram o Plano Real”.

Segundo o economista, para isso é preciso tomar algumas medidas, como reiniciar reformas destinadas a melhorar o ambiente de negócios, colocar o País mais integrado na economia global, estimular a produtividade a partir da competição, da meritocracia e da excelência e promover uma “revolução” na gestão do setor.

“Seguindo esses caminhos teremos mais crescimento, menos desigualdade e menos inflação e um País mais próximo do ideal de uma democracia madura, de uma economia de mercado internacionalizada e de um Estado que vive dentro de seus próprios meios”, afirmou Franco, que não participa diretamente da formulação do programa econômico de Aécio Neves, coordenado por Armínio Fraga, que substituiu Franco na presidência do Banco Central, em 1999.

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Abertura. Já Edmar Bacha tem sido consultado com frequência, seja por Armínio ou pelo Aécio. Uma tese fundamental de Bacha - a defesa de uma maior abertura comercial do País, que permitiria dar competitividade à indústria brasileira -, apresentada em livro lançado no ano passado, foi rapidamente absorvida pelos economistas alinhados com o PSDB. 

“Definitivamente estou apoiando (Aécio). Mas ajudo quando sou procurado”, disse Bacha.

Procurado pela reportagem, Pérsio Arida, que está no exterior, informou, por meio da assessoria de imprensa, que não abrirá seu voto nestas eleições porque essa é a política do BTG Pactual, onde é sócio e chairman da área de Asset Management da instituição.

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