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País já vende mais industrializados para UE

Por Marcelo Rehder
Atualização:

Pela primeira vez em mais de duas décadas, a União Européia (UE) tomou o lugar dos Estados Unidos como um dos principais destinatários das exportações brasileiras de manufaturados este ano. As vendas desses produtos para o mercado europeu cresceram 28,5% até outubro, enquanto para os Estados Unidos recuaram 6,9%, principalmente em decorrência da valorização do real ante o dólar e também aos problemas derivados da crise imobiliária naquele país. Os embarques de produtos industrializados do Brasil para a UE totalizaram US$ 13,478 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, ante US$ 13,157 bilhões para os EUA. Os dados são do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior e sugerem que a diferença tende a se ampliar nos próximos meses. Com o dólar oscilando na faixa de R$ 1,70 a R$ 1,80, os produtos brasileiros perdem competitividade no mercado americano, que é abastecido cada vez mais por produtos chineses. Diante disso, os exportadores brasileiros buscam redirecionar os produtos antes vendidos nos EUA para países da Europa. Ao mesmo tempo, tentam substituir o dólar como moeda nessas transações, na medida em que o euro significa melhor remuneração por seus produtos. A HVM do Brasil, que produz componentes para iluminação em néon, por exemplo, já fatura 50% de suas exportações em euros. Há dois anos, esse porcentual era de 30%. Suas exportações, que devem somar 2,5 milhões neste ano, representam 98% de tudo que produz. Já as vendas da empresa para os Estados Unidos e China, que eram seus principais mercados até pouco tempo atrás, despencaram. Para os EUA, a queda foi de 25% em relação a 2006. O mercado chinês, que há dois anos absorvia um terço das exportações, hoje consome só 5%. "Estamos direcionando nossas vendas para novos mercados, como França e Itália, que têm despontado como bastante promissores para o nosso negócio", diz Mauritius Dubnitz, presidente da empresa. "Também estamos conseguindo vender em euros para Inglaterra, Rússia e Irã." O Brasil já vende mais manufaturados para a UE, mas os EUA continuam nosso principal parceiro individual. De janeiro a outubro, as vendas para os EUA somaram US$ 20,950 bilhões, mas houve queda de 0,3% ante igual período de 2006. Mesmo assim, as exportações para os EUA ainda representam quase o dobro das vendas para o segundo maior importador de produtos brasileiros, a Argentina, com US$11,817 bilhões. "Além da valorização do real, o governo não fez nenhum esforço para elevar as exportações para o mercado americano", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "No governo Lula, não tivemos nenhuma missão comercial para os EUA."

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