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Pandemia acelera volta do Grupo Big às vendas online

Terceira maior rede de supermercados estreia no drive-thru e fecha parcerias com as empresas de entrega iFood, B2W e Cornershop

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

A pandemia do novo coronavírus chacoalhou o Grupo Big, a terceira maior rede de supermercados do País. Há exatamente um ano, a empresa, controlada pelo fundo americano Advent e na época ainda usando a bandeira Walmart, anunciava a saída do comércio online, na contramão dos concorrentes.

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A intenção era centrar esforços nas lojas físicas e reerguer a companhia. Mas, nesse meio tempo, eclodiu a pandemia e o projeto de volta ao varejo online teve de ser colocado em pé a toque de caixa. “Estamos finalizando um plano de 12 meses em três meses”, afirma Fabiano Sant’Ana, diretor executivo do grupo.

Responsável pela área digital da companhia, o executivo egresso da Basf estava havia 40 dias na empresa, ainda em processo de integração, quando a pandemia eclodiu, em meados de março. Na época, ele tinha apenas um rascunho do plano para reinserir a empresa no varejo online – que rapidamente se concretizou. Até o final do mês que vem, 200 das 400 lojas vão estar integradas ao varejo digital. Hoje são 75 lojas físicas ligadas ao comércio online.

Supermercado Big entrega compras feitas on line em estacionamento, com hora marcada Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Batizado de “Big em casa”, o projeto inclui dois tipos de delivery e um drive-thru e contempla as bandeiras Big, Bompreço, Big Bompreço, Nacional, Mercadorama, MaxxiAtacado e Sam’s Club.

Um delivery é express, voltado para compras de pequenos volumes, 16 itens ou 9,8 quilos, no máximo, e entregas em até uma hora. O outro delivery é para compras grandes, de abastecimento, com volume ilimitado. Neste caso, a entrega é em até um dia e com hora marcada.

Sant’Ana explica que o cliente entra no site do “Big em casa”, escolhe, no caso do delivery, a melhor proposta de entrega, de taxas e prazos, e é direcionado para um aplicativo específico. A companhia fechou acordo operacional com três empresas para fazer as entregas: a Cornershop (do Ubereats), o iFood e o Supermercado Now (da B2W). Cada uma tem um contrato diferente e o Big paga às empresas de entrega uma comissão para atender ao cliente.

Para o consultor Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), a estratégia da companhia de fechar parcerias com empresas importantes de entrega foi para acelerar a venda.

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“O Big foi para o comércio online num modelo de contingência”, diz o especialista. Ele explica que, ao se acoplar a plataformas de terceiros, em poucos dias a empresa sai vendendo. “Essa foi a estratégia.”

Lockdown. A outra perna do projeto de varejo online é o drive-thru, chamado pela empresa de clique e retire. O cliente escolhe os produtos no site e marca horário de retirada na vaga de estacionamento da loja reservada para isso.

Segundo o executivo, não é preciso sair do carro, pois um funcionário coloca as compras no porta-malas e o cliente finaliza o pagamento, sem custos extras. “Esse fluxo inteiro, de entrada no estacionamento até a saída com o carro carregado, demora quatro minutos”, diz.

O projeto do drive-thru começou a funcionar este mês na loja do Big do Pacaembu, na zona Oeste da capital paulista. Para as próximas semanas, a meta da companhia é colocar em funcionamento o clique e retire em 17 lojas em Recife (PE) e em Salvador (BA).

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“Estamos nos concentrando no Nordeste por causa das cidades que já estão em lockdown ou em risco de entrar em isolamento total”, diz Sant’Ana.

Cidades do Maranhão e do Estado de São Paulo, onde a empresa tem loja e a situação da pandemia é bem crítica, também terão drive-thru, assim como as capitais do Sul. Tanto no delivery como no drive-thru os cerca de 15 mil itens oferecidos, que incluem frutas, verduras, legumes e itens de padaria têm o mesmo preço das lojas físicas.

O executivo não revela os investimentos no projeto online, mas diz que as cifras são pequenas. O que mais contou foi a rapidez para virar a chave. Para isso, foi feito um mutirão com equipes de outras áreas da companhia que estavam com baixo volume de serviço por causa da pandemia, como a de projetos estratégicos.

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Empresa quer 13% de suas vendas online

Apesar de estar atrasada na corrida do varejo online e ser a última grande rede do setor de supermercados a voltar para o e-commerce, o Grupo Big tem metas ambiciosas. A empresa quer que o comércio online responda por 12% a 13% das vendas do varejo de alimentos e produtos de higiene e limpeza, marca já alcançada pelos concorrentes, segundo o diretor executivo do Grupo Big, Fabiano Sant’Ana. “Queremos atingir essa meta o mais rápido possível e acho que até agosto vamos ter conseguido uma parcela razoável desse número.”

Para o consultor de varejo Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, as três formas oferecidas pela varejista para vender online e entregar as mercadorias são muito adequadas ao momento atual de pandemia, principalmente o drive-thru, mecanismo de entrega que não é usual entre as grandes redes de supermercados. “Isso mostra que chegar atrasado é extremamente relativo”, observa.

A volta do Big ao e-commerce vem num momento favorável. Segundo o Compre&Confie, o e-commerce faturou R$ 9,4 bilhões em abril, 81% mais ante abril de 2019. Foram 24,5 milhões de compras online, alta de 98% ante um ano atrás. As categorias com maior crescimento em volume de compras foram alimentos e bebidas (294%), instrumentos musicais (252%) e brinquedos (241%).

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