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Para fechar contas, Grécia vai taxar até piscinas

Governo promete aumentar impostos sobre itens de luxo, como iates; no caso das piscinas, a taxa já existia, mas não era cobrada

Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

Para fechar as contas, vale de tudo na Grécia. Até mesmo buscar dinheiro no fundo da piscina. Num esforço de demonstrar aos credores europeus de que Atenas está disposta a adotar medidas, o governo incluiu em seu pacote a garantia de que vai recolher e aumentar os impostos sobre todas aquelas casas que contam com piscinas. 

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As taxas já existiam. Mas jamais eram cobradas. Em 2010, um estudo realizado pelo fisco grego concluiu que menos de 2% das casas com piscinas em Atenas declaravam que de fato existiam. No total, cerca de 327 declarações imobiliárias constatavam a piscina, o que implicava num imposto. Mas, usando imagens gratuitas do Google Earth, a constatação do governo foi de que, apenas nos subúrbios ricos da capital, o número total de piscinas chegava a 17 mil num dos países mais quentes da Europa. 

Agora, não apenas o primeiro-ministro Alexis Tsipras promete cobrar o imposto, mas também elevar de 10% para 13% do valor do terreno.

Essa não é a única promessa. Com um enfoque na elite grega e na necessidade de que não sejam apenas os pobres que paguem pelos ajustes, o governo de extrema esquerda também ofereceu à UE aumentar impostos sobre aviões e helicópteros privados. 

Iates e barcos com mais de dez metros também serão alvos de novos impostos, numa sociedade que tem o mar como parte de suas atividades de recreação. Além disso, o governo estuda pedir uma "contribuição extraordinária" de 5% a 10% de impostos para empresas que tenham lucros acima de 10 milhões de euros.

Para os credores, porém, isso não será suficiente e insistem em uma elevação de impostos sobre o consumo de 11% para 23%, impactando de restaurantes a remédios. O governo insiste em um escalonamento de taxas, com 6% para remédios e livros, 11% sobre jornais, hotéis, restaurantes, água e alimentos, e 23% para todos os demais setores.

Mas o maior desafio tem sido o de cobrar os impostos, mesmo aqueles que já existem. Num esforço da administração local em identificar os evasores, o fisco chegou até mesmo a enviar agentes para as portas de boates de Atenas para registrar as placas de carros de luxo. A "investigação" revelou que pelo menos 6 mil cidadãos da capital tinham carros acima de 100 mil euros. Mas, em suas declarações, apareciam com renda de cerca de 10 mil euros.

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Com a nova proposta de fechar o cerco a quem não paga impostos, o governo de Tsipras espera arrecadar 3 bilhões de euros a mais em 2015. No médio prazo, esse valor chegaria a 10 bilhões de euros extras. Hoje, porém, a dívida dos contribuintes com o estado chega a 72 bilhões de euros, um recorde na história do país.

O primeiro-ministro da Grécia,Alexis Tsipras, promete aumentar o imposto sobre piscinas Foto: Alkis Konstantinidis/Reuters
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