BRASÍLIA - A Embraer confirmou nesta quinta-feira, 21, que está em tratativas com a Boeing em relação a uma potencial combinação de seus negócios, em bases que ainda estão sendo discutidas. Com o anúncio, o governo brasileiro já admite que a venda da empresa será um negócio complicado de ser analisado, pelo impacto que a companhia tem sobre o desenvolvimento de tecnologia nacional.
O Estadão/Broadcast apurou com uma fonte da equipe econômica que o negócio é complicado porque a companhia tem muita participação no Brasil em desenvolvimento de tecnologia e na produção de equipamentos militares. Para ele, o governo vai ter que olhar a proposta "com cuidado".
No entanto, essa fonte afirmou que perder o controle nacional da Embraer não seria um problema para o governo brasileiro. Como a União tem uma ação especial na empresa, que permite o veto de operações importantes - a chamda golden share -, a venda precisa do aval do governo.
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A fonte informou que o governo ainda não foi informado oficialmente pelas duas empresas, mas acredita que a venda deve se concretizar porque o mercado já está dando como certo. Ele lembrou que "formadores de preços" não costumam errar sobre essas tratativas.
Reportagem publicada pelo jornal americano The Wall Street Journal informa que a Boeing realizou reuniões com a Embraer para discutir a aquisição da empresa brasileira, uma medida que fortaleceria o braço da fabricante americana no mercado de aviação regional.
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Segundo a reportagem, a Boeing e a Embraer estariam discutindo um acordo que envolveria um prêmio relativamente alto para a Embraer, que tem um valor de mercado de aproximadamente US$ 3,7 bilhões. As conversas estão em compasso de espera, à espera de um resposta do governo brasileiro sobre o tema.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Embraer diz que não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões e lembra que qualquer transação estará sujeita à aprovação do governo brasileiro e dos órgãos reguladores, dos conselhos de administração das duas companhias e dos acionistas da Embraer.
"Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões", diz a empresa no comunicado.