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Para IBGE, alta do dólar certamente afeta IPCA no início de 2015

Segundo o instituto, desde alimentos até itens de higiene pessoal têm sido afetados pela valorização da moeda americana

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - A alta do dólar certamente afeta a inflação neste início de 2015, afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ela, desde alimentos até itens de higiene pessoal têm sido afetados pela valorização da moeda americana. 

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Desde março, a moeda americana vem sendo negociada acima de R$ 3. Nesta quarta-feira, 8, na máxima o dólar operou no patamar de R$ 3,10. No ano, a moeda americana já acumula alta de mais de 15%.

"A alta do dólar certamente afeta", afirmou Eulina. Ela acrescentou, contudo, que o câmbio divide espaço com o aumento das tarifas administradas entre os impactos sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

Impactado pela alta da conta de luz, em março, o IPCA avançou 1,32%. Com isso, atingiu a maior taxa para o mês desde 1995. No ano, acumula alta de 3,83%.

Desde março, a moeda americana vem sendo negociada acima de R$ 3. Foto: José Patrício/Estadão

"Em 2002 e 2003, a desvalorização foi bem maior, e o peso do dólar sobre os preços se fez mais evidente. A maior parte dos 5,13% do primeiro trimestre de 2003 se deve ao dólar. Já nesse primeiro trimestre (de 2015), o país está vivendo pressão do dólar, que afeta produtos importados, insumos importados, mas, além disso, tem o realinhamento dos preços administrados", afirmou Eulina. Segundo ela, o realinhamento dos preços da energia elétrica e da gasolina e a elevação de impostos explicam a alta do IPCA neste início de 2015. 

"Outros fatores além do dólar afetam a alta de 3,83% no primeiro trimestre deste ano", disse. 

Outras pressões. Problemas de safra, aumento do dólar e pressão de custos com energia elétrica contribuíram para a alta de 1,17% no grupo Alimentação e Bebidas em março, afirmou Eulina. Sozinhos, os alimentos responderam por 0,29 ponto porcentual da alta de 1,32% registrada no IPCA no mês passado. 

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"Há questões de safra e de aumento do dólar. A energia elétrica também influencia. Num restaurante, por exemplo, a energia elétrica mais cara pesa para quem come fora", explicou Eulina. 

Entre os produtos afetados pela safra estão cebola (15,10%) e ovos (12,75%). O alho, por sua vez, é um produto importado e ficou 7,66% mais caro, segundo o IBGE. Também aumentaram de preço biscoito (1,40%) e pão francês (0,93%) - o trigo, principal matéria-prima desses produtos, é importado pelo Brasil e, portanto, sujeito ao câmbio. 

Já a pressão da energia se traduziu nos lanches fora de casa (1,87%), no refrigerante fora (1,66%) e na refeição em bares e restaurantes (1,03%), de acordo com Eulina. 

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