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Para o mercado, a escalada do dólar é especulativa

Por Cristina Canas (Broadcast)
Atualização:

São as vozes do mercado que estão falando: a escalada do dólar é especulativa e o Banco Central tem de abandonar pruridos e intervir. A especulação tem motivos? Sim, ela está em grande parte embasada na forte desordem política e um pouco na deterioração do cenário econômico. Porém, a avaliação de vários operadores nas mesas é de que já foi além do razoável.

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O BC atuou significativamente ontem, em conjunto com o Tesouro. Mas não foi suficiente e, no que parece uma inversão da ordem habitual, as vozes do mercado se mostram mais intervencionistas do que os comandantes da equipe econômica.

"O mercado deve ser livre, mas isso tem limite", disse um operador de instituição fortemente atuante no mercado de câmbio no fim do pregão desta quarta-feira, 23.

"É especulação, com justificativa por causa da situação do País, mas já saiu do bom senso", afirmou outro profissional. "Não há motivo concreto para esse preço do dólar. Não há uma enxurrada de saída."

Os dados do fluxo cambial reforçam a percepção. Em setembro, até o dia 18, o saldo cambial é positivo em US$ 383 milhões. No mesmo período, o dólar subiu 8,73%. No ano, até o dia 18, o dólar avançou 48,78% e o Brasil registra entradas líquidas de US$ 11,659 bilhões.

É claro que a direção pode ter mudado nesta semana. Na terça-feira, alguns operadores viram a saída de recursos por parte de fundos estrangeiros, segundo registros da BM&FBovespa. Ainda assim, com transações totais na casa de US$ 2 bilhões, não dá para falar em debandada de dólares.

É isso que garante o BC. Em atitude inédita, na manhã de ontem, a mesa de operações do BC informou que não havia saída de moeda estrangeira do País.

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As sugestões para intervenção são variadas. Além das colocadas em prática - leilões de linha e swap cambial - os que apostam na especulação exagerada defendem a oferta de dólar à vista. Dizem que seria suficiente para acalmar investidores. E se não for, dizem, é hora da equipe econômica pensar em impor limites para as posições em câmbio das instituições financeiras. O que esse grupo de profissionais não está tolerando é a timidez das intervenções.

*É jornalista do Broadcast, serviço de informações da Agência Estado

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