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Participação das 3 maiores montadoras cai de 70,2% para 43,6% em uma década

Enquanto General Motors, Fiat e Volkswagen perderam terreno, as asiáticas Hyundai, Honda e Toyota ganharam 17 pontos de participação no mercado brasileiro

Por e Rafaela Borges
Atualização:

Mudanças significativas ocorreram no mercado automobilístico brasileiro nos últimos dez anos, além da queda drástica nas vendas em razão da crise econômica. A chegada de novos concorrentes, menor demanda por carros “populares” e maior interesse nos utilitários-esportivos provocaram um troca-troca de postos entre as montadoras que mais vendem no País.

De 2007 para cá, as três maiores fabricantes perderam, juntas, 26,6 pontos de participação no mercado Foto: Nacho Doce/Reuters

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De 2007 para cá, as três maiores fabricantes perderam, juntas, 26,6 pontos de participação no mercado. Há uma década, General Motors, Fiat e Volkswagen detinham 70,2% das vendas de automóveis e comerciais leves, fatia que neste primeiro quadrimestre caiu para 43,6%.

As asiáticas Hyundai, Honda e Toyota, por sua vez, ganharam 17 pontos no período. Metade deles (8,6 pontos) foi capitaneada pela Hyundai, que saiu de uma fatia de 0,8% para 9,4%. O movimento de alta ganhou mais força a partir de 2012, com a instalação de fábrica local.

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Entre as três grandes, a Fiat perdeu 12,7 pontos de participação nas vendas deste ano (ver quadro). Perdeu também, em 2016, a liderança de mercado mantida por 11 anos seguidos. A GM, que ganhou o posto, foi a que perdeu menos participação entre as três marcas: 3,6 pontos. A Volkswagen também teve perda significativa, de 10,3 pontos.

O sócio da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), Marcelo Cioffi, ressalta que a chegada de novas marcas normalmente dilui as fatias de mercado e perde quem tem mais participação. No caso das três mais antigas montadoras do País, a perda se acentuou quando as novatas investiram em carros compactos, que é o grosso da produção das tradicionais.

Ao entrar no mercado nacional com o compacto HB20 e mais recentemente com o SUV Creta, a Hyundai também desbancou a Ford da quarta colocação mantida por longo período, embora a diferença entre ambas hoje seja de 0,1 ponto.

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A Hyundai afirma que não pretende ir além, pois opera em três turnos, utilizando toda a capacidade produtiva da fábrica, de 180 mil veículos ao ano. “O quarto lugar é o máximo que podemos almejar, por enquanto”, diz o diretor de marketing Cássio Pagliarini. Segundo ele, uma ampliação da fábrica não está nos planos. “Para isso, primeiro a economia teria de melhorar”.

“Com a chegada de novos competidores é normal em todos os mercados que alguém precisa perder participação”, admite o presidente da Volkswagen do Brasil, David Powels. Segundo ele, nos próximos três a cinco anos a marca terá portfólio totalmente renovado e estará apta a brigar novamente pela liderança em vendas, mantida por 42 anos até 2001.

Para José Roberto Ferro, do Lean Institute, a queda no mercado afetou dramaticamente as maiores fabricantes que, por terem maior capacidade produtiva, ficaram mais ociosas.

A Fiat, em sua opinião, se baseou num plano comercial agressivo de oferecer preços baixos na venda do veículo e ganhar no pós-venda. “Com isso, inflamou artificialmente as vendas, estratégia que dá certo num mercado comprador, mas agora não dá mais”.

A Fiat não comentou o assunto. A empresa adotou a tática de divulgar dados conjuntos da FCA, que reúne Fiat e Jeep. Na soma, a participação nas vendas neste ano é de 17,5%, bem próxima da GM.

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